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Bolsonaro tira espaço da comunidade científica em Comitê da Amazônia

Presidente ampliou a participação do setor privado em órgão que gere recursos de pesquisa vindos de empresas da Zona Franca de Manaus

Por Edoardo Ghirotto
Atualizado em 26 jul 2019, 17h05 - Publicado em 26 jul 2019, 13h16

Um decreto do presidente Jair Bolsonaro (PSL) publicado nesta sexta-feira, 26, reduziu o espaço destinado à comunidade científica no Comitê das Atividades de Pesquisa e Desenvolvimento da Amazônia (Capda), órgão responsável por gerir recursos de investimentos feitos por empresas da Zona Franca de Manaus.

Bolsonaro retirou assentos no comitê de representantes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Banco da Amazônia S.A. – uma sociedade de economia mista. O presidente também reduziu de dois para um o espaço destinado à comunidade científica da Amazônia Ocidental. O governo do Amazonas, que tinha assento fixo, poderá indicar um membro titular se quiser.

O novo organograma do comitê conta com a presença de um representante da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e de um integrante ligado a instituições privadas das áreas científica, tecnológica e de inovação. Em linhas gerais, Bolsonaro ampliou a presença de órgãos ligados ao setor privado no Capda.

Os outros assentos continuam pertencendo ao Ministério da Economia, ao Ministério da Ciência e Tecnologia, à Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), ao BNDES e à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Também foi mantida a presença de dois representantes do Polo Industrial de Manaus no comitê.

A retirada de um representante do CNPq ocorre em um momento em que o governo federal trava uma queda de braço com outro órgão de pesquisa, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Tradicionalmente, o Inpe emprega pesquisadores financiados pelo CNPq para desenvolver os seus trabalhos.

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Nos últimos dias, Bolsonaro criticou a divulgação de dados coletados pelo Inpe e que mostram um aumento no desmatamento da Amazônia. O presidente afirmou que era preciso ter “mais responsabilidade” na divulgação destas informações porque, segundo ele, o mundo inteiro leva em conta a questão ambiental. 

“Esses dados servem para quê? Para alguém lá na ponta da linha ficar feliz e nos prejudicar nas relações que temos com o mundo”, disse o presidente em evento realizado na quinta-feira, 25, em Manaus. “Dados jogados para cima, para fazer onda, fazer ‘oba-oba’, aí não procede. Não podemos transmitir isso.”

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