Presidente participará da criação do Prosul e fará uma visita oficial ao país; políticos boicotarão almoço em sua homenagem
Por Denise Chrispim Marin
20 mar 2019, 20h09 • Atualizado em 20 mar 2019, 20h15
O presidente Jair Bolsonaro: tentativa de se aliar com governos de direita da América Latina - 19/03/2019 (Jonathan Ernst/Reuters)
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Em sua segunda iniciativa diplomática nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro vai engajar o Brasil no novo mecanismo de integração e coordenação latino-americano reservado exclusivamente para governos de direita, o Foro para o Progresso e o Desenvolvimento da América Latina (Prosul) no Chile. Sua chegada ao país sul-americano, nesta quinta-feira, 21, está distante de ser amistosa apesar dos esforços do presidente chileno, Sebastián Piñera.
Bolsonaro embarca na quinta-feira, 21, para Santiago, de onde deverá regressar na tarde de sábado, depois de sua visita oficial a Piñera. Sua presença no país, entretanto, já tem causado reações em setores políticos relevantes do Chile e embaraços para o governo chileno.
O ex-chanceler Heraldo Muñoz, que foi embaixador do Chile no Brasil, declinou ao convite do presidente chileno para o almoço em homenagem a Bolsonaro no sábado, ao final de seus compromissos no país. Muñoz foi acompanhado por uma lista importante de políticos chilenos, que se negaram a sentar à mesma mesa do líder brasileiro, segundo o jornal La Tercera.
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O presidente do Senado, Jaime Quintana, afirmou que não participará do almoço “por convicção política” e também por causa de um compromisso já confirmado. O deputado Matías Walker igualmente declinou. A mesma atitude foi tomada pelo socialista Alfonso de Urresti, vice-presidente do Senado, e pelo deputado Vlado Mirosevic, que considera Bolsonaro “um risco para a da democracia” e “mau exemplo para o Chile”.
Esse arremate desfalcado da visita de Bolsonaro ao Chile vai encerrar os primeiros esforços da diplomacia presidencial brasileira. Na terça-feira, ele encontrou-se com o líder americano, Donald Trump, na Casa Branca, e selou uma nova fase mais propensa ao alinhamento da política externa de Brasília à de Washington e de possível aprofundamento das relações econômicas bilaterais. Ao escolher os Estados Unidos, Bolsonaro rompeu com a tradição da Presidência da República de reservar à Argentina a primeira visita oficial.
Na sexta-feira, Bolsonaro participará da criação do Prosul, a alternativa regional à União das Nações Sul-americanas (Unasul), a iniciativa similar liderada pelos governos de esquerda na década passada, entre os quais o de Luiz Inácio Lula da Silva, no Brasil, de Hugo Chávez, na Venezuela, e de Cristina Kirchner, na Argentina. A proposta de criação desse novo mecanismo partiu de Piñera e do presidente da Colômbia, Ivan Duque.
Para o governo de Bolsonaro, a iniciativa trará a oportunidade de alinhamento dos governos de direita da região e de redirecionamento da agenda de integração latino-americana, sob outra coloração ideológica.
As discussões em Santiago deverão se limitar a representantes de sete países – o próprio Chile, Colômbia, Argentina, Brasil, Paraguai, Peru e Equador – e serão marcadas especialmente pelas ausências de peso. Andrés Manuel López Obrador, do México, preferiu se distanciar da iniciativa. O presidente do Uruguai, o socialista Tabaré Vázquez, igualmente declinou o convite, assim como Evo Morales, da Bolívia.
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O venezuelano Nicolás Maduro não foi convidado, justamente por não se adequar ao perfil do novo mecanismo, e o autodeclarado presidente interino do país, Juan Guaidó, não deverá comparecer, segundo o chanceler chileno Roberto Ampuero. Ex-chanceleres chilenos preparam um boicote à iniciativa de criação do Prosur, liderados por Heraldo Muñoz.
Bolsonaro deverá desembarcar em Santiago às 16h10 locais desta quinta-feira. Sem agenda na capital chilena nesse dia, vai transmitir um novo “live” pelo Facebook – atividade que pretende repetir todas as quintas-feiras. Seu embarque de volta a Brasília está previsto para as 15h30.
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