Dia das Mães: Assine a partir de 9 por revista

Bolsonaro: imprensa é essencial para ‘chama da democracia’ não apagar

Declaração do presidente, que costuma atacar veículos de comunicação, ocorre na mesma semana em que o STF determinou censura de reportagem crítica a Toffoli

Por Redação Atualizado em 18 abr 2019, 13h57 - Publicado em 18 abr 2019, 12h51

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou, na manhã desta quinta-feira, 18, que a imprensa é essencial “para que a chama da democracia não se apague”. A declaração foi dada durante a cerimônia de comemoração do Dia do Exército, em São Paulo, no Comando Militar do Sudeste. O presidente disse ainda que espera que “pequenas diferenças fiquem para trás”.

“Em que pese alguns percalços entre nós, precisamos de vocês [imprensa] para que a chama da democracia não se apague”, afirmou. “Precisamos de vocês cada vez mais, palavras, letras e imagens, que estejam perfeitamente emanadas com a verdade. Nós, juntos, trabalhando com esse objetivo, faremos um Brasil maior, grande, e reconhecido em todo o cenário mundial”, completou o presidente.

A postura de Bolsonaro contrasta com os ataques que frequentemente direciona à imprensa. Depois de a coluna Radar, de VEJA, noticiar que o presidente demonstrou desinteresse em reuniões com líderes partidários sobre a reforma da Previdência, chegando a se distrair em um computador, Bolsonaro declarou: “Quero ser amigo da imprensa, mas fica difícil. Todo dia são três ou quatro fake news”. Ele também já disse que o jornal Folha de S. Paulo é “toda a fonte do mal” na imprensa.

A declaração, porém, ocorre na semana em que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que a revista Crusoé retirasse do ar uma reportagem que registrava um depoimento do empresário Marcelo Odebrecht, no qual o delator identifica o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, como o “amigo do amigo do meu pai” em um e-mail interno da empreiteira. Na época da mensagem, em 2007, Toffoli chefiava a Advocacia-Geral da União (AGU). A censura ao veículo foi determinada no início da semana no âmbito de um inquérito sigiloso aberto pelo presidente do STF para apurar notícias falsas e crimes contra a honra do Supremo.

Toffoli afirmou na noite da quarta-feira 17 que a liberdade de expressão não é absoluta e não pode ser utilizada para alimentar ódio e intolerância. “A liberdade de expressão não deve servir à alimentação do ódio, da intolerância, da desinformação. Essas situações representam a utilização abusiva desse direito”, afirmou o ministro. “Se permitirmos que isso aconteça, estaremos colocando em risco as conquistas alcançadas na Constituição de 1988”, acrescentou.

Continua após a publicidade

A abertura do inquérito e a decisão de determinar que a reportagem fosse retirada do ar foram alvos de críticas de parlamentares e de entidades, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O inquérito sigiloso também gerou embates entre a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que chegou a anunciar o arquivamento da investigação. Moraes rejeitou a medida e manteve o inquérito, que acabou prorrogado por Toffoli por mais 90 dias.

Em nota conjunta, a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) disseram que a medida judicial representa censura e não se coaduna com a democracia vigente no país. “A decisão configura claramente censura, vedada pela Constituição, cujos princípios cabem ser resguardados exatamente pelo STF”, afirmam.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) disse que “causa alarme o fato de o STF adotar essa medida (…) justamente em um caso que se refere ao presidente do tribunal”. “O precedente que se abre com essa medida é uma ameaça grave à liberdade de expressão, princípio constitucional que o STF afirma defender”, escreveu.

(Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.