Bolsonaro diz que MP ‘às vezes não joga pelo Brasil’ e quer PGR ‘alinhado’
Presidente, que pode anunciar substituto de Dodge nesta ou na próxima semana, citou a dificuldade para obter licenças ambientais como problema com a PGR
O presidente Jair Bolsonaro disse, nesta quarta-feira 14, que o novo procurador-geral da República deverá ser “alinhado” com os interesses de seu governo e lamentou que o Ministério Público Federal [MPF] “muitas vezes não jogue pelo desenvolvimento do Brasil”.
Bolsonaro é o responsável por escolher o substituto de Raquel Dodge no comando da Procuradoria-Geral da República (PGR) e citou a facilitação na concessão de licenças ambientais como uma das bandeiras que o novo procurador-geral deve encampar. Ele havia se comprometido a fazer a escolha até esta sexta-feira 16, mas o anúncio pode ficar para a próxima semana.
“Com todo respeito ao pessoal da PGR, a gente precisa que esteja alinhado com as bandeiras nossas. Com a questão ambiental […], a dificuldade nossa com licença. Para fazer uma central hidrelétrica é uma dificuldade com licença ambiental”, disse o presidente na noite desta quarta-feira na frente do Palácio da Alvorada.
Ele citou a demora na liberação de licenças para as obras do Linhão de Tucuruí e da restauração e pavimentação da BR 319, rodovia que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM), como exemplos de obras que atrasam por demora na concessão da licença.
Ainda sobre o assunto, o presidente disse ter a impressão de que o Ministério Público não contribui para o desenvolvimento do país. “Tem a legislação nesse sentido e tem o Ministério Público. O nosso sentimento é que, muitas vezes, [o MPF] não joga com o desenvolvimento do Brasil. Eu sei que eles têm que fiscalizar a lei, mas às vezes vão um pouquinho além disso. Tudo isso tem que ser conversado”.
Questionado pelos jornalistas que o esperaram chegar ao Alvorada, Bolsonaro evitou dar pistas de quem está mais ou menos cotado para ser escolhido. Nesta terça-feira 13, Mário Bonsaglia se reuniu com o presidente no Palácio do Planalto.
Bonsaglia é o primeiro colocado na lista tríplice formulada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). A listá também é composta ainda por Luiza Frischeisen e Blal Dalloul. O presidente, no entanto, já deixou claro que não está preso aos três nomes da lista. Nem mesmo a atual ocupante do cargo está descartada. “Jamais descartaria a Raquel Dodge. Todo mundo está no páreo”. Ele acrescentou que o nome poderá sair até sexta-feira 16, mas há a possibilidade de que a indicação seja divulgada apenas na próxima semana.