Bolsonaro compara Flávio a Neymar por ganhar mais que sócio em loja
Segundo o presidente, é normal que o filho fature mais que o parceiro de negócios na franquia, já que é mais famoso e leva mais clientes ao estabelecimento
O presidente Jair Bolsonaro comparou o filho Flávio Bolsonaro ao jogador Neymar na manhã desta sexta-feira, 20, durante a entrevista rotineira que faz na porta do Palácio da Alvorada, quando sai para trabalhar. A comparação foi feita na tentativa de justificar o fato de seu filho Zero Um – senador pelo Rio de Janeiro, atualmente sem partido – ganhar mais do que o sócio na loja de chocolates que foi alvo de operação do Ministério Público do Rio de Janeiro na quarta 18.
“Acusaram ele de estar ganhando mais na casa de chocolate. O que acontece: quem leva mais cliente para lá, ele leva um montão de gente importante, ganha mais. É mesma coisa chegar para o, deixa eu ver, o Neymar e [perguntar] ‘por que está ganhando mais do que outros jogadores?’. Porque ele é o mais importante. Não é comunismo”, afirmou o presidente.
A comparação feita por Bolsonaro lembra a declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre os negócios de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha. Em 2006, quando as primeiras revelações sobre as empresas do primogênito do petista vieram à tona, o então presidente tentou justificar o sucesso profissional do filho atribuindo-lhe um talento que o colocava no mesmo patamar de craques do futebol. Lulinha era um “Ronaldinho dos negócios”, disse.
A respeito da linha de investigação do MP fluminense sobre suposta lavagem de dinheiro de Flávio Bolsonaro em sua loja de chocolates, uma franquia da Kopenhagen em um shopping da Zona Oeste do Rio, Bolsonaro disse que “ninguém lava dinheiro em franquia”. “As franquias são controladas, não é o cara abre a franquia e a matriz abandona”, declarou.
Ainda sobre a ação do Ministério Público do Rio que mirou Flávio, o ex-assessor Fabrício Queiroz e a ex-mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle, entre outros, o presidente afirmou que houve buscas e apreensões “em casa de pessoa que não tinha nada a ver com isso, arrombaram a loja de chocolate do meu filho”.
Ele citou Queiroz, lembrou que o conhece desde 1985 e apontou um empréstimo de 40.000 reais que teria feito ao ex-assessor como explicação para depósitos feitos por ele na conta da primeira dama, Michelle Bolsonaro, que totalizaram 24.000 reais. “Nunca tive problema com ele, pescava comigo, andava comigo no Rio de Janeiro, tinha que ter um segurança comigo andava com meu filho. Pô, e daí, de repente, se ele fez besteira, responda pelos atos dele.”
Na entrevista em frente ao Alvorada, Jair Bolsonaro também atacou o juiz Flávio Itabaiana, responsável pela investigação sobre Flávio Bolsonaro na Justiça do Rio de Janeiro. “Perguntaram para o juiz Itabaiana como que ele quebra 93 sigilos em cinco linhas?”, disse. Assim como o Zero Um, o presidente afirmou que a filha de Itabaiana é funcionária fantasma na gestão do governador Wilson Witzel, inimigo político de Bolsonaro. “Já perguntaram pro governador Witzel por que a filha do juiz Itabaiana tá empregada com ele? Já perguntaram? E, pelo que parece, é fantasma. Já foram em cima do MP ver se vai investigar o Witzel?”, questionou.
O presidente lembrou a operação deflagrada pela Polícia Federal na Paraíba na terça-feira 17, ação baseada na delação de um empresário do setor de saúde que cita suposto caixa dois na campanha de Witzel ao governo do Rio em 2018. “Já repararam que na véspera desse novo caso Flávio aí a Polícia Federal mostrou uma operação na Paraíba onde lá um dos delatores falou que o Witzel pegou 115 mil de caixa dois pra campanha? Bem como a loteria da Paraíba faz um negócio com a Loterj lá do Rio de Janeiro.”
Bolsonaro voltou a atribuir ao governador fluminense uma suposta “armação” para envolvê-lo nas investigações do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco. “Perguntaram pro governador Witzel porque a Polícia Civil fez aquela maracutaia armada com a Globo que eu falei cinco dias antes para todo mundo dentro do avião, inclusive cinco parlamentares, que aquela questão ia estourar durante minha viagem para a região do Oriente Médio?. Considera Flávio inocente? Eu não sou juiz, ele sem problema comigo, sem problema.