Bolsonaristas atacam Maia por projeto de auxílio a estados e municípios
Apoiadores do presidente chamam proposta, aprovada pela Câmara, de 'plano Mãesueto' e agora pressionam Senado contra a medida
Desde a aprovação do Projeto de Lei Complementar que prevê ajuda financeira da União a estados, Distrito Federal e municípios para o enfrentamento da pandemia de coronavírus, conhecido como Plano Mansueto, na noite de segunda-feira 13, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro têm subido o tom contra o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Nas redes sociais, bolsonaristas batizaram pejorativamente a proposta de “plano Mãesueto” e passaram a criticar o que chamam de desconfiguração do texto inicial.
O projeto, que prevê compensar a queda de arrecadação do Imposto de Circulação, Mercadorias e Serviços (ICMS) e do Imposto sobre Serviços (ISS) de 2020 em relação ao ano passado e reduzir os efeitos na economia da crise do coronavírus, tem impacto fiscal de 89,6 bilhões de reais. Como VEJA mostrou, a equipe econômica do governo propõe metade do auxílio a estados e municípios. Para integrantes do Ministério da Economia, o texto aprovado pela Câmara é “perverso”.
Líder do movimento Nas Ruas, Tomé Abduch divulgou dois vídeos em suas redes sociais com críticas à postura de Maia. “Estou em Brasília, pois queria ver com os meus próprios olhos o que está acontecendo aqui, em relação a esta votação que pode tirar do governo federal e mandar para governadores, sem nenhum tipo de contrapartida, quase 200 bilhões como uma forma de prejudicar este governo que aqui está. E é sempre o senhor, não é, Rodrigo Maia? É sempre o senhor tramando para poder destruir o Brasil e para poder levar o Brasil para a velha política, que é o que o senhor representa”, afirmou em uma das publicações.
O texto, aprovado na Câmara, segue para análise no Senado. De acordo com Abduch, se os senadores aprovarem o projeto, o movimento irá organizar carreatas “de norte a sul, para parar o país”. No Twitter, a hashtag #SenadoPL149Nao chegou a ocupar o quinto lugar entre os assuntos mais comentados no país na terça-feira 14. “Senado, o povo está atento à votação da PL149! Não aceitamos pagar a conta da falta de ‘preparo’ de alguns governadores e prefeitos”, diz um tuíte; “Vamos parar o Brasil em carreatas para não permitirmos este completo absurdo e oportunismo político”, afirma outra publicação; “Vamos pressionar nossos senadores para não concordar com essa safadeza”, escreveu um terceiro apoiador.
Filho do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou que o texto é “uma verdadeira bomba fiscal”. “Com o plano Mansueto mudado pela Câmara, governador que tiver arrecadação menor de ICMS pode exigir que governo Bolsonaro pague o prejuízo. Governador que já era irresponsável poderá ser mais ainda”, diz em um tuíte.
Deputado federal pelo Novo, Alexis Fonteyne (SP) afirmou que o “Plano Mansueto virou plano Mãesueto. O que era para disciplinar a finanças dos Estados, por ordem no Regime Recuperação Fiscal, gestão financeira centralizada, etc, virou um programa de salvamento dos Estados sem qualquer contrapartida. Esquece! Isto não é sério”.
Aliado de Bolsonaro na Câmara e cotado, em 2018, como vice-presidente ainda na campanha eleitoral, o deputado federal Luiz Philippe Bragança (PSL-SP) afirmou em sua conta no Twitter que “o PLP 149 aprovado ontem é para salvar governadores e prefeitos em ano eleitoral. O combate à pandemia exige medidas nítidas e focadas aonde o problema existe: itens inexistentes da proposta. Agora cabe ao Senado decidir se atende ao país ou à ciranda eleitoral”.
Em um vídeo divulgado em suas redes sociais na manhã desta quarta-feira, a deputada federal Carla Zambelli afirmou que conta com o apoio de seus seguidores “nesta grande carreata rumo a Brasília” contra a aprovação do Plano Mansueto. “Se os estados e municípios não conseguem arrecadar, por que a União precisa botar isso na conta? Por que a União tem sempre que pagar a conta no final de tudo? Uma das explicações é que eles querem colocar um xeque-mate no governo Bolsonaro”, diz.