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Atacada por Bolsonaro, urna eletrônica passa por repaginação

Novo modelo custa 986 dólares, é mais rápido e tem tela colorida. Justiça Eleitoral já recebeu 12.150 urnas da última geração, do total de 225 mil previstas

Por Rafael Moraes Moura 8 jan 2022, 11h27

A urna eletrônica faz parte da vida dos brasileiros desde 1996, quando o aparelho estreou no processo eleitoral em 57 municípios. Naquela época, cerca de 70 mil urnas foram usadas para computar o voto de 32 milhões de pessoas.  Em 1998, dois terços da população votaram de forma eletrônica. As ágeis máquinas chegaram a todas as seções eleitorais do País em 2000, na primeira eleição nacional 100% informatizada. Ao completar 25 anos de vida, nunca a urna teve a sua credibilidade tão contestada quanto agora, em ataques infundados capitaneados pelo presidente Jair Bolsonaro e sua militância. Para as eleições de 2022, que promete ser uma das mais turbulentas da história recente do País, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) planeja adotar 225 mil novas urnas, com uma nova cara, tela colorida e uma engenharia mais rápida.

Cada urna vai custar 985,50 dólares aos cofres públicos — a taxa de conversão utilizada é a de janeiro de 2020, quando a proposta vencedora da licitação foi fechada com o dólar cotado a 4,18 reais. Na prática, cada urna custa o equivalente a 4.120 reais. Apesar de ser totalmente fabricada no Brasil, passando por duas etapas de montagem (em Manaus e em Ilhéus), a maioria dos componentes eletrônicos é importada de países asiáticos. “Esse novo modelo foi projetado para oferecer uma experiência de votação mais fácil e acessível aos eleitores e mesários. Além disso, a bateria de lítio não precisa de recarga; ela acompanha toda a vida útil da urna”, diz o coordenador de Tecnologia Eleitoral do TSE, Rafael Azevedo. A nova urna possui bateria com maior durabilidade, que não demanda recargas a cada quatro meses, o que deve diminuir o custo de manutenção.

Vai ser a primeira vez que a urna passa por uma repaginação desde a sua criação, justamente no ano em que o TSE enfrenta o maior teste de sua história. Mas não é só a cara da urna que vai mudar um pouco. De acordo com o TSE, o processador do novo aparelho é mais ágil. O teclado da urna possui agora um duplo fator de contato, o que permite a detecção de erros em caso de mau contato. O novo modelo ainda possibilita que futuramente seja acoplado um equipamento para que tetraplégicos possam votar usando os movimentos dos olhos e da boca. O algoritmo da urna também foi trocado por um modelo considerado mais seguro e avançado.

Nem todos os 147 milhões de brasileiros que devem votar nas próximas eleições vão conhecer o novo modelo. O TSE pretende usar um total de 577 mil urnas nas próximas eleições, dos quais apenas 225 mil serão da última geração — até agora, a Positivo, empresa vencedora da licitação, já entregou à Justiça Eleitoral cerca de 12 mil novíssimas urnas. A expectativa é a de que todas estejam prontas em maio do ano que vem.

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O TSE também vai usar no próximo pleito equipamentos de 2009 (73 mil), 2010 (118 mil), 2011 (35 mil), 2013 (30 mil) e 2015 (96 mil). Independentemente do ano de fabricação, um aviso aos eleitores: todas fazem o barulhinho  característico, que avisa o término da votação.

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