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Aliados do governo terão de entregar cargos se apoiarem Ciro, diz Marun

Para ministro, partidos do Centrão que aderirem ao pedetista estarão compactuando com 'hipocrisia' e 'oportunismo' dele. Ciro já chamou Temer de 'ladrão'

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 13 jul 2018, 15h08 - Publicado em 13 jul 2018, 14h19

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse nesta sexta-feira 13 que os partidos da base aliada do governo do presidente Michel Temer que apoiarem Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à Presidência, devem entregar os cargos que ocupam na gestão do emedebista. Recentemente, Ciro chamou Temer de “quadrilheiro” e “ladrão” e declarou que gostaria de vê-lo preso.

Partidos do chamado Centrão, como PP, DEM, Solidariedade e PRB, avaliam a possibilidade de se aliar ao ex-ministro e anunciarão suas posições nos próximos dias. Marun classificou a investida do pedetista sobre o bloco como “uma completa hipocrisia”.

“Eu, sinceramente, espero que os partidos que apoiarem Ciro Gomes deixem o governo”, afirmou o ministro. “Não estou dizendo que ou apoiam o Meirelles (Henrique Meirelles, candidato do MDB) ou saem do governo. Não é isso. Mas é que Ciro ofende. Pelo menos não queremos candidatos que surjam no palanque para dizer que a reforma trabalhista foi um crime e todos fiquem com cara de paisagem. Ou então vai ser a ‘Escolinha do Professor Ciro’ e ele vai dizer “vocês fizeram isso errado”. “Imaginem o bloco dos ‘golpistas’ puxado por Ciro Gomes e a turma toda lá dentro?”, provocou o ministro.

O Palácio do Planalto já havia ameaçado tirar cargos do PP se a sigla decidisse apoiar o pedetista. Terceira maior bancada na Câmara, com 49 deputados, o partido é o maior entre os integrantes do Centrão e controla os ministérios da Saúde, das Cidades e da Agricultura – com orçamentos que, juntos, somam 153,5 bilhões de reais -, além de ter o comando da Caixa Econômica Federal.

Carlos Marun relatou que já conversou com o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), sobre o assunto, mas negou o “enquadramento”.

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Presidente do DEM, o prefeito de Salvador, ACM Neto, disse que não aceitará pressão do Planalto. “Nós não vamos nos submeter à pressão de ninguém. A decisão do partido será tomada com independência e observando os interesses partidários”, afirmou.

O DEM comanda o Ministério da Educação e, nos bastidores, dirigentes do partido afirmam que entregarão a pasta se fecharem com o pré-candidato do PDT. Ciro Nogueira, presidente do PP, não retornou às ligações da reportagem.

‘Completa hipocrisia’, critica Marun

Articulador político do Planalto, Carlos Marun disse que “há uma completa hipocrisia” e “oportunismo” por parte de Ciro ao buscar aval de partidos aliados do governo, uma vez que o pré-candidato do PDT foi contra os principais projetos da administração Temer, como as reformas da Previdência, trabalhista e o teto de gastos.

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“Não cabe a aliança entre partidos contrários ao impeachment, à reforma trabalhista e ao estabelecimento do teto de gastos públicos, pelo menos no primeiro turno. Agora, no segundo turno vai se buscar quem é menos pior”, pontuou.

Para Marun, os partidos que estão no governo e aceitam compor com o pedetista estão “equivocados” e compactuam com a “hipocrisia” e o “oportunismo”. Na prática, o Centrão, que se autodenomina “Blocão”, ainda não decidiu quem apoiar para a Presidência. O grupo está dividido e há quem defenda aderir à campanha do pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. Marun, no entanto, concentrou suas críticas em Ciro.

“Alckmin não é meu candidato. Eu prefiro Meirelles e acho que ele tem melhor condição. Só que Alckmin, mesmo que não tenha tido posições claras (em referência às denúncias contra Temer), é outro tipo de candidato”, explicou o ministro.

Lembrado que há entre os partidos aliados os que preferem apoiar o pré-candidato do PSL, Jair Bolsonaro, a exemplo do PR, que comanda o Ministério dos Transportes, Carlos Marun disse espera que o deputado não vença as eleições. “Mas Bolsonaro votou a favor do impeachment (da então presidente Dilma Rousseff) e pelo menos não nos chamou de golpista”, insistiu.

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Marun confirmou que Temer não participará da campanha nem subirá nos palanques de aliados. O governo tem 79% de reprovação, segundo recente pesquisa Ibope, em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), número que faz do presidente um campeão no quesito impopularidade.

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