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Alckmin reage e muda estratégia por candidatura em 2018

Governador de São Paulo tenta superar desânimo após citação em delações e resultados ruins em pesquisas para se recolocar no páreo pelo Planalto

Por Da Redação
16 Maio 2017, 09h31

Nada está perdido, ao menos por enquanto. Esse é o recado que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), tem buscado passar a aliados um mês após ter seu nome incluído na lista de políticos suspeitos de receber doações da Odebrecht via caixa 2 e de ficar na pior posição entre os tucanos em pesquisa Datafolha de intenção de votos para as eleições presidenciais de 2018. A ordem é mostrar que a disputa pela indicação do partido só começou, que Alckmin está vivo no jogo e não pretende “jogar a toalha”.

Como estratégia, o tucano lançou novas peças publicitárias que exaltam a capacidade de gerar empregos, adotou uma agenda positiva, com inaugurações e nomeações de novos servidores, e retomou o plano de fazer viagens para fora do estado – no sábado, participou de uma colheita de café no Espírito Santo, ao lado do governador Paulo Hartung (PMDB) e, até a próxima quinta, cumpre compromissos nos Estados Unidos para divulgar seu programa de concessões.

O roteiro pelos Estados Unidos tem o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), como companhia. Também cotado para disputar uma vaga na corrida presidencial de 2018, o prefeito tem a vantagem de não ter sido citado na Lava Jato e de representar, ao menos no discurso, a figura do gestor que não é político. No entanto, ainda é visto com ressalvas por caciques tucanos, que o deixaram de fora do programa partidário que foi ao ar em rede nacional na semana passada.

Para o ex-senador José Aníbal, aliado de Alckmin, ainda é muito cedo para saber o que se pode esperar do prefeito paulistano. “Na esteira do não político surgiram todas as ditaduras”, disse. “Queremos um Brasil sem sobressaltos, com segurança, com alguém dizendo o que vai fazer e fazendo”, afirmou, em referência ao governador paulista.

Aliados

Aproveitando o apoio de nomes importantes do partido e de possíveis aliados de outros estados, caso de Hartung, Alckmin tenta mostrar que o abatimento inicial por ter sido citado na Operação Lava Jato já passou e que a meta agora é ressaltar seu histórico político e sua capacidade para governar, gerar empregos e aumentar a renda – lemas de uma possível campanha em 2018.

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Na esteira do não político surgiram todas as ditaduras […] queremos um Brasil sem sobressaltos, com segurança, com alguém dizendo o que vai fazer e fazendo

José Aníbal (PSDB-SP), ex-senador, em referência ao governador Geraldo Alckmin

Também faz parte do planejamento ressaltar que as denúncias que envolvem o nome do tucano não dizem respeito a pagamento de propina. O discurso de que Alckmin não é corrupto, tem vida modesta e patrimônio inalterado desde que entrou na vida pública tem sido repetido por secretários e deputados próximos.

“Ele é uma pessoa correta, honesta, com uma vida transparente, que afirma que não é corrupto. Mas do jeito que foi divulgado, ficou parecendo que ele tivesse cometido crime, lavagem de dinheiro ou algo do tipo. É claro que o governador não pode estar feliz com isso, é alguém de princípios, até por ser muito religioso. Mas não tenho dúvidas de que aquele constrangimento inicial passou e agora é seguir o curso normal de pré-candidato”, disse o deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP), um dos principais articuladores de Alckmin.

Segundo palavras do próprio Alckmin, não há desânimo algum. “Estou extremamente animado para servir à população. É óbvio que cargo majoritário não é uma decisão pessoal, é coletiva e também não é agora. Tudo tem seu tempo, mas estamos super animados”, afirmou. O tucano ainda ressaltou que tem se preparado de noite e aos fins de semana, quando estuda os temas nacionais.

A ordem interna é que essa fala otimista de Alckmin seja repetida pelos integrantes do governo. “Por enquanto, ninguém está dentro e ninguém está fora da disputa. Não é hora de jogar a toalha nem de se enrolar nela”, afirmou o sociólogo Antonio Lavareda. Para o cientista político José Alvaro Moisés, o nome de Alckmin ainda tem potencial eleitoral, mas desde que ele renove o seu discurso. “Acho que ele tem de se adaptar à nova realidade, que exige mais transparência e consulta à população.”

Enquanto Alckmin tenta se manter na disputa, Doria corre por fora e nos bastidores. Oficialmente, o prefeito continua negando qualquer intenção eleitoral em 2018. “Quero deixar bem claro que não sou candidato”, disse nesta segunda-feira em evento promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em Nova York.

(Com Estadão Conteúdo)

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