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Alberto Youssef depõe em inquérito sobre obra de governo tucano

Um dos primeiros delatores da Lava Jato, o doleiro contou, em investigação de fraudes no Rodoanel, ter atuado para a OAS

Por Da Redação Atualizado em 13 ago 2018, 18h14 - Publicado em 13 ago 2018, 12h47

Personagem central da Operação Lava Jato, da qual foi um de seus delatores, o doleiro Alberto Youssef foi chamado para prestar depoimento aos investigadores da Operação Pedra no Caminho, que apura desvios e fraudes no trecho norte do Rodoanel, cujas obras tiveram início em 2013, durante a gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo.

Há pouco mais de um mês, Youssef esteve na Superintendência da Polícia Federal, na capital paulista, e contou que entregou dinheiro, a pedido do chefe da propina da OAS, José Ricardo Breghirolli, em endereços de São Paulo. O delator não citou nomes de destinatários.

O doleiro relatou que “o dinheiro era entregue nos endereços indicados” por Breghirolli por ele próprio e por seu funcionário Rafael Ângulo Lopes — também delator da Lava Jato. Alberto Youssef foi preso pela Polícia Federal em 17 de março de 2014 e deixou a cadeia após dois anos e oito meses de custódia, em 17 de novembro de 2016.

Segundo o depoimento, Youssef relatou que, no dia da sua prisão, havia no cofre de seu escritório cerca de 1,6 milhão de reais em espécie que seria usado conforme pedido da OAS — a quantia e as anotações foram apreendidas na ocasião. À PF, o doleiro detalhou como operava o caixa dois da empreiteira, para quem começou a atuar em 2012.

Youssef também relatou que se encontrava semanalmente com Breghirolli ao longo de 2012, 2013 e início de 2014, quando recebia “altas quantias de dinheiro em espécie” e indicações de endereços onde os valores predeterminados deveriam ser entregues. Youssef também relatou que devolvia parte desses montantes a pedido de Breghirolli.

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O doleiro disse que funcionava como uma espécie de “conta-corrente” da OAS, de modo que, uma vez por mês, conferia com o chefe de propinas uma planilha com os ‘débitos/créditos’ e, em seguida, destruíam o documento. “Talvez, uma ou duas planilhas desse controle que fazia com José Ricardo tenham sido apreendidas ou entregues por ocasião da celebração de seu acordo de colaboração premiada; que está anotado nesses controles que se trata da ‘conta-corrente’ da OAS; para gerenciar essa ‘conta-corrente’, a OAS não fez uso das empresas de fachada controladas pelo declarante, de modo que todas as transações ocorreram por meio de dinheiro em espécie”, contou Alberto Youssef.

A Operação Pedra no Caminho investiga fraudes nos aditivos contratuais do trecho norte do Rodoanel. Responsável pelas obras, a Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa) é a estatal de engenharia do governo de São Paulo, comandado nas últimas duas décadas pelos tucanos José Serra, Alberto Goldman e Geraldo Alckmin. O Ministério Público Federal (MPF) estima os prejuízos aos cofres públicos, em virtude do total dos aditivos investigados na operação, em cerca de 600 milhões de reais.

Outro lado

Em nota, a Dersa informou que ela e o governo do Estado de São Paulo são os “grandes interessados acerca do andamento das investigações”. “Todas as obras realizadas pela companhia foram licitadas obedecendo-se à legislação em vigor. Além disso, a obra foi iniciada somente com o projeto básico. Portanto, após a elaboração do projeto executivo, quando as medições são ajustadas, é possível que haja acertos.”

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A empresa ressaltou ainda que, “se houve conduta ilícita com prejuízo aos cofres públicos, o estado irá cobrar as devidas responsabilidades, como já agiu em outras ocasiões”. “A companhia reforça seu compromisso com a transparência e se mantém, como sempre o faz, à disposição dos órgãos de controle para colaborar com o avanço das investigações.”

A OAS ainda não se manifestou.

(com Estadão Conteúdo)

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