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Ações cíveis da Lava Jato cobram quase 70 bilhões de reais

Força-tarefa da Lava Jato e AGU cobram valores de empreiteiras e pessoas físicas acusadas de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras

Por Da redação
Atualizado em 3 abr 2017, 22h11 - Publicado em 3 abr 2017, 08h29

As ações cíveis propostas pela Procuradoria da República no Paraná e pela Advocacia-Geral da União (AGU) cobram de empreiteiras, pessoas físicas e até de um partido político indenizações que somam quase 70 bilhões de reais. O valor inclui o ressarcimento de 19,6 bilhões de reais em prejuízos causados à Petrobras pelo esquema de corrupção desmantelado pela Operação Lava Jato e o restante a multas por danos morais e cíveis, segundo a edição desta segunda-feira do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba e a AGU já entraram com treze ações na Justiça Federal no Paraná. Há dois anos, cinco empreiteiras (Mendes Junior, Engevix, Galvão Engenharia, OAS e Camargo Corrêa) foram alvos das primeiras ações apresentadas pela força-tarefa da Lava Jato – já as ações da AGU são mais recentes.

Nenhum dos processados foi alvo de sentença e parte das empresas acusadas já firmou acordo de leniência – espécie de delação premiada para pessoas jurídicas –,  o que deve transformar uma eventual condenação em meramente declaratória. Os acordos firmados pela Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Setal, por exemplo, já preveem o pagamento de 9,7 bilhões de reais a título de ressarcimento aos cofres públicos. A maior parte do valor é da Odebrecht (8,5 bilhões de reais) que negociou benefícios não só com autoridades brasileiras mas também com Suíça e Estados Unidos.

Nas ações na esfera cível, o MPF e a AGU pedem a condenação das empreiteiras e o ressarcimento, aos cofres públicos, dos prejuízos ao Erário – além de proibição das empresas de contratar com o poder público – e multas que equivalem a até três vezes o prejuízo identificado. Após a Lava Jato completar três anos, a força-tarefa ajuizou em Curitiba a primeira ação de improbidade contra um partido político, o PP – a ação cobra 2,3 bilhões de reais da legenda e de dez deputados e ex-deputados filiados.

O ritmo das ações na área cível destoa do que vem sendo imposto nas ações penais conduzidas pelo juiz Sergio Moro, que, desde 2014, já levaram à condenação de noventa pessoas – a mais recente, do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), sentenciado a quinze anos e quatro meses de prisão.

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Além da ação contra o PP, a força-tarefa da Lava Jato prepara novas ações contra PT e PMDB, dois dos partidos que controlavam diretorias estratégicas na Petrobras. As primeiras ações cíveis relacionadas à Lava Jato foram propostas há mais de dois anos, em fevereiro de 2015, e têm como alvo as empreiteiras Mendes Júnior, Engevix, Galvão Engenharia, OAS e Camargo Corrêa. Dessas cinco, apenas a Camargo Corrêa não está em recuperação judicial. Desde então, foram oferecidas outras três ações cíveis pelo MPF.

A procuradoria, no entanto, já sofreu revés em duas delas. A ação contra a Mendes Júnior foi suspensa no dia 20 do mês passado. Já na que tem com alvo a Galvão Engenharia e seus executivos, o juiz Friedmann Anderson Wendpap, da 1.ª Vara Federal de Curitiba, decidiu em janeiro excluir a holding Galvão Participações, que controla a empreiteira, e extinguir a parte do processo contra a construtora por dano moral, o que, na prática, reduz o valor que a empresa teria de pagar em caso de condenação. Na ocasião, ele entendeu que o pagamento de propina a agentes públicos da Petrobras pode não representar dano aos cofres públicos. O Ministério Público Federal recorreu da decisão.

Além da demora nos processos, no caso da Camargo Corrêa, que já fechou um acordo de leniência, a expectativa é de que, em caso de condenação, a punição deverá ser somente declaratória, já que as penas a ser cumpridas pela companhia foram definidas em seu acordo com as autoridades e o próprio MPF solicitou a retirada dos pedidos de condenação. Cabe ao juiz do caso, porém, decidir se atende à solicitação. O mesmo deve ocorrer com a Odebrecht, cujo acordo de leniência foi homologado em janeiro.

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Com exceção da ação contra a Engevix, que apresentou suas alegações finais na semana passada, os processos de improbidade da Lava Jato seguem, em sua maioria, na etapa inicial. Advogados se queixam de que a demora para ter uma definição prejudica as companhias. “A pendência não ajuda as empresas”, afirmou o advogado Lucas Cherem, que representa a Galvão Engenharia.

O advogado Edgar Guimarães, da Engevix, disse que, com a demora, três diretores da empreiteira que foram absolvidos na ação penal da Lava Jato ainda sofrem com mais este processo. “Por certo que isso tem prejudicado a vida dessas pessoas, tornando extremamente difícil o exercício de qualquer atividade profissional.”

O advogado Igor Tamasaukas, que defende o ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini, disse que, no caso da ação conta a empreiteira, o objetivo da ação civil acabou sendo “cumprido” após a leniência, já que os acordos definem as penas e obrigações da empresa.

A defesa da OAS não quis se manifestar, assim como a da Mendes Júnior e Odebrecht. A assessoria da Camargo Corrêa informou que o MPF retirou o pedido de condenação nas ações, e que as duas ações movidas pela AGU são baseadas nos mesmos fatos da que foi movida pelo MPF, e, por isso, também devem ser extintas.

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