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“A UNE não pode ser governista”, diz seu ex-presidente Aldo Rebelo

Ex-ministro ressalta que alinhamento com Lula retira a legitimidade dos estudantes para criticar os erros do governo

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 30 jun 2024, 15h18

Uma reportagem publicada na edição impressa de VEJA desta semana mostra como a União Nacional dos Estudantes (UNE) se tornou parceira do governo petista. Nos dois primeiros governos Lula, a entidade recebeu 13 milhões de reais em convênios assinados com diversos órgãos públicos, além de uma indenização de 44 milhões para recuperar sua sede, incendiada durante a ditadura. Nos últimos meses, já durante o Lulas 3, foram mais 4 milhões.

Ao mesmo tempo em que recebe dos cofres públicos vultosas quantias para organizar festivais universitários e exposições, a entidade tem se dedicado a engrossar, por exemplo, atos contra a política de juros e pela saída do presidente do Banco Central — pautas claramente governistas.

O ex-presidente da UNE, Aldo Rebelo, vê com preocupação essa parceria.  “Quando eu fui presidente da UNE, o PT era minha oposição e nós mantínhamos uma oposição firme ao governo militar”, diz Rebelo. E ressalta: “A UNE não pode ser governista, a UNE tem de ser independente”.

Ex-ministro do governo Dilma, Rebelo destaca que essa aproximação desqualifica a luta dos estudantes. “Quando a UNE se alia a qualquer governo, perde a legitimidade para criticar os erros desse governo, inclusive do atual”, diz.

Aldo relembra os tempos em que liderou a luta dos jovens. “O movimento estudantil de meu tempo estava interessado em mudar o mundo e mudar o Brasil, nossa agenda era orientada pela esperança de um nacionalismo que combinasse liberdade e direitos sociais”, diz.

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“O que vejo hoje é a substituição dessa utopia de romantismo por uma agenda que substitui a ideologia pela biologia, e o interesse coletivo pela busca das diferenças biológicas baseadas em gênero e raça”, destaca.

Presidente da UNE rebate críticas

A presidente da UNE, Manuella Mirela, rebate as críticas. Segundo ela, não existe aliança ou parceria entre o governo petista e a entidade. “A UNE está alinhada com a defesa dos estudantes brasileiros e da democracia, bandeiras históricas da entidade. No último período, protagonizamos a construção de uma frente ampla institucional pela derrota do projeto de extrema direita do Bolsonaro, que destruiu a educação durante os 4 anos de governo”, ressaltou

Sobre os protestos, ela explica que eles são em defesa do interesse da população. “A independência do Banco Central é ruim, pois prioriza o mercado e o lucro dos banqueiros em detrimento dos desafios de desenvolvimento do Brasil”, disse a líder estudantil, que foi nomeada na última quarta-feira, 26, como membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social e Sustentável, órgão de assessoramento do presidente da República.

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