A peça que pode atrapalhar a corrida de Flávia Arruda para o Senado
Mesmo condenado por improbidade administrativa, empresário Paulo Octávio articula sua volta à política

A ministra Flávia Arruda (Secretaria de Governo) tem planos de deixar o cargo até o fim de março, retomar a cadeira de deputada federal e investir na campanha para o Senado pelo Distrito Federal. O cenário para ela é favorável e conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL), do governador Ibaneis Rocha (MDB) e do seu marido, o ex-governador José Roberto Arruda. Mas um nome de peso pode atrapalhar os planos da ministra: o do empresário Paulo Octávio.
Ex-senador e ex-vice-governador, ele foi condenado em janeiro por improbidade administrativa em um processo que apontou irregularidades na construção de um shopping. Ainda assim, o empresário tem discutido com aliados —inclusive com o marido da ministra— sobre a possibilidade de voltar ao Congresso.
Paulo Octávio foi deputado em dois mandatos (1991 e 1999). Assumiu uma vaga no Senado em 2003 e se licenciou em 2007 para assumir como vice-governador de José Roberto Arruda. Em 2012, Arruda foi preso e afastado do cargo, e o empresário assumiu o governo. Ambos foram acusados de envolvimento no escândalo do Mensalão do DEM. O empresário renunciou pouco depois e chegou a ser preso durante alguns dias em 2014. Presidente do PSD no DF, Paulo Octávio foi o anfitrião do evento de filiação de Rodrigo Pacheco, em outubro de 2021.
A costura para a candidatura de Flávia também passa por acerto com o ministro da Justiça, Anderson Torres, que estuda concorrer a um cargo em outubro. Amigos desde a adolescência, pertencem ao mesmo grupo político —Torres é ex-secretário de Segurança de Ibaneis— e têm conversado sobre a vaga no Senado. Ambos gostariam de disputar a única cadeira, mas buscam uma solução para acomodar todos os interesses. Uma das alternativas envolve a chapa de reeleição do governador: Flávia concorreria ao Senado e Torres seria vice de Ibaneis. O chefe do Executivo local chegará à campanha praticamente sem oposição e com orçamento de 5 bilhões de reais para investir em 2022.
Em 2018 o DF registrou 2,08 milhões de pessoas aptas a votar, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) —o equivalente a 1,41% dos mais de 147,3 milhões de eleitores do país. Bolsonaro obteve 70% dos votos válidos no segundo turno.