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A estratégia dos bolsonaristas para disputar as eleições sem o Aliança

Partido criado pelo presidente Jair Bolsonaro precisa de 492 mil assinaturas de eleitores para ser validado pelo TSE, mas tem até agora só 3.417 apoiadores

Por André Siqueira Atualizado em 19 mar 2021, 00h16 - Publicado em 27 fev 2020, 11h23

A pouco menos de dois meses para o término do prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral para a regularização dos partidos que irão disputar as eleições em outubro deste ano, o Aliança Pelo Brasil, novo partido do presidente Jair Bolsonaro, não deve conseguir participar do pleito municipal. Diante do obstáculo, eventuais candidatos têm procurado legendas ideologicamente afinadas ao bolsonarismo e que forneçam condições competitivas aos aliados do presidente da República.

Segundo informações do site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da manhã desta quinta-feira, 27, apenas 3.417 assinaturas haviam sido validadas – para poder disputar as eleições, são necessárias 492 mil assinaturas. O estado que mais teve apoiamentos validados é Santa Catarina, com 630.

Reportagem de VEJA de janeiro deste ano mostrou a corrida contra o tempo encampada pela cúpula do Aliança Pelo Brasil e os obstáculos encontrados pelos aliados de Bolsonaro para viabilizar o partido em tempo recorde. Apesar do esforço dos apoiadores, a advogada do presidente da República, Karina Kufa, já admitia a possibilidade de a legenda não estar apta para as eleições municipais. “Ninguém deu certeza de que iria criar um partido em tempo recorde”, diz. 

Desde a saída de Bolsonaro do PSL, em novembro do ano passado, motivada por uma crise entre o presidente da República e o presidente nacional do partido, Luciano Bivar, os deputados bolsonaristas que pretendem disputar as prefeituras de suas cidades buscam uma alternativa para lançar suas candidaturas. Os principais partidos cotados para “barriga de aluguel” são o Patriota, o PRTB, do vice-presidente Hamilton Mourão, e o Republicanos, legenda do prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella – Bolsonaro tem pedido a seus aliados que não haja envolvimento com siglas donas de um histórico de corrupção nem que sejam firmados compromissos.

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O presidente nacional do Patriota, Adilson Barroso, diz estar com as “portas abertas” aos interessados, mas ressalta que a legenda não servirá como trampolim. “Não pode vir para cá jurando parceria e sair”, afirma. Em paralelo, o PRTB passa a ser a principal alternativa aos eventuais candidatos. O partido, antes visto com desconfiança pelo vínculo com o vice-presidente Hamilton Mourão, virou uma espécie de solução para quem quer disputar as eleições. Há, ainda, uma ala de deputados estaduais do PSL que deve migrar para o Republicanos.

Candidaturas competitivas

Bolsonaro também foi aconselhado por seus principais interlocutores a aguardar a definição das candidaturas do PT antes de definir os políticos que apoiará no pleito municipal. A estratégia foi montada para que o presidente não sofra desgastes políticos nem eleitorais ao escolher os seus favoritos na disputa por prefeituras de capitais e outras cidades estratégicas.

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Assim que o PT indicar seus candidatos nos grandes centros, Bolsonaro deverá anunciar apoiamentos pontuais nas cidades que julgar ter força para vencer o partido de esquerda. O presidente, no entanto, já tem algumas escolhas definidas. Em Campinas, ele irá respaldar o Tenente Santini (PSD), um velho amigo de sua família que é irmão de José Vicente Santini, o ex-número 2 da Casa Civil demitido após utilizar um jato da Força Aérea Brasileira (FAB).

No Rio de Janeiro, há uma aproximação em curso de Bolsonaro com Crivella – o presidente chegou a convidar o prefeito para dançar em um evento evangélico no Rio de Janeiro em fevereiro. Outra alternativa é o deputado federal Otoni de Paula (PSC), um desafeto do governador Wilson Witzel (PSC), que Bolsonaro quer derrotar.

Em São Paulo, onde o presidente quer derrotar o governador João Doria (PSDB) – outro ex-aliado que virou desafeto, como Witzel -, Bolsonaro, como mostrou reportagem de VEJA, tem preferência pela candidatura do apresentador José Luiz Datena, que deve se filiar ao MDB em articulação comandada por Paulo Skaf (MDB), presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e que tem sido o principal aliado de Bolsonaro no Estado. Há, porém, uma desconfiança com relação à disposição de Datena em concorrer ao cargo.

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