Zelensky revela o que disse a Donald Trump sobre Putin e o fim da guerra
Presidente ucraniano falou sobre telefonema entre americano e russo e levantou temores de que Kiev está sendo jogada para fora de negociações

Depois que Donald Trump surpreendeu o mundo ao telefonar para Vladimir Putin e anunciar o início das negociações para o fim da guerra na Ucrânia – antes de consultar o líder do país –, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, revelou o que disse ao chefe da Casa Branca. Na sexta-feira, 14, durante a Conferência de Segurança de Munique, ele disse ter alertado que o presidente russo é “um mentiroso”, além de ter levantado temores de que Kiev está sendo jogada para fora das conversas para cessar as hostilidades.
“Trump me disse que Putin quer parar a guerra. Eu disse a ele: ‘Putin é um mentiroso. Espero que você o pressione porque não confio nele.’ Tivemos uma conversa direta com Putin sobre um cessar-fogo em 2019”, disse Zelensky.
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Em 2019, as duas partes tiveram conversas diretas sobre um cessar-fogo e troca de prisioneiros. Embora Putin tenha de fato concordado em libertar 100 prisioneiros ucranianos, suas tropas violaram o cessar-fogo imediatamente.
“Ele não vai aderir ao cessar-fogo e isso é tudo. É por isso que eu disse ao presidente [Trump] que acho que telefonemas são telefonemas. Não tome nenhuma decisão sobre a Ucrânia sem a Ucrânia. E não é sobre mim, é sobre o país inteiro. Se concordarmos com uma pausa, isso ajudará Putin. E eu não quero entrar para a história como [o] presidente que ajudou Putin a ocupar meu país”, completou.
Na quarta-feira, Trump anunciou ter conversado telefone, de forma “altamente produtiva”, com o presidente russo, dizendo que os dois concordaram em iniciar as negociações “imediatamente”. Só depois de postar sobre o assunto nas redes sociais que ele ligou para Zelensky e o informou dos últimos acontecimentos.
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Publicamente, o líder ucraniano foi cordial diante do “climão”, mas também voltou a alertar lideranças internacionais de que não se pode “confiar nas alegações de Putin sobre estar pronto para encerrar a guerra”.
O telefonema com Putin e a descrição otimista que Trump fez da conversa quebram com o governo do ex-presidente Joe Biden, que tratava o russo como um pária internacional desde sua invasão à Ucrânia em fevereiro 2022.
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, aumentou o desconforto entre os europeus ao declarar que a Ucrânia teria que desistir de seus objetivos para negociar a paz, descartando um retorno às suas fronteiras pré-2014, quando a Rússia anexou a Crimeia, bem como a adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).