Zelensky acusa EUA e Rússia de negociarem ‘pelas costas’ da Ucrânia: ‘Não aceitaremos’
Washington e Moscou não convidaram Kiev para primeiro estágio de conversas sobre o conflito na Arábia Saudita

Após uma reunião entre delegações dos Estados Unidos e da Rússia na Arábia Saudita para discutir a guerra na Ucrânia, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou as duas nações de agirem “pelas costas” de Kiev e prometeu que nunca aceitará ultimatos de Moscou.
Em Ancara, após uma reunião com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, Zelensky afirmou que não aceitaria os resultados das negociações que foram realizadas “pelas costas da Ucrânia” para encerrar a guerra.
“Parece que os Estados Unidos estão agora discutindo o ultimato que (Vladimir) Putin estabeleceu no início da guerra”, disse Zelensky a repórteres. “As decisões sobre a Ucrânia estão sendo tomadas sem a Ucrânia. Eu me pergunto: por que eles acreditam que a Ucrânia aceitaria todos esses ultimatos agora se os recusamos no momento mais difícil?”
O líder ucraniano também prometeu retomar o controle das regiões ocupadas pelos russos no leste e no sul do país por meios diplomáticos. “Não existe meio-termo”, afirmou, indo contra declarações do governo Trump de que um retorno às fronteiras pré-invasão seria “irrealista”.
Ataques russos
As negociações em Riade começaram poucas horas depois que a Rússia atacou a Ucrânia com dezenas de drones. Pelo menos duas pessoas foram mortas e 26 ficaram feridas em ataques em todo o país. Um drone atingiu o último andar de um prédio residencial na cidade de Dolynska, na região de Kirovohrad, ferindo uma mãe e seus dois filhos.
Logo após a conclusão das negociações em Riade, sirenes de alerta de ataque soaram pela capital, Kiev. Milhões de ucranianos receberam mensagens de texto com orientações para buscarem refúgio devido à ameaça de mísseis balísticos russos.
“Foi absurdo Moscou falar sobre paz enquanto matava ucranianos”, disse Mykhailo Podolyak, um conselheiro do chefe do gabinete de Zelensky. A última salva de 176 drones disparados contra a Ucrânia representa a real “posição de negociação” da Rússia, completou ele.
Há um ceticismo generalizado de que a Rússia cumpriria qualquer acordo de cessar-fogo a menos que fosse sustentado por garantias de segurança — dos Estados Unidos e da Europa, que também se viu de fora das conversas iniciais. Podolyak disse que não havia sentido em ter uma “paz falsa” que levaria a “uma continuação inevitável da guerra”.