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Vieira faz maratona de bilaterais antes de reunião do G20

Argentina, China, Angola, Indonésia e contando: chanceler brasileiro corre com encontros antes de chefiar reunião de chanceleres no Rio

Por Amanda Péchy
Atualizado em 7 Maio 2024, 17h07 - Publicado em 21 fev 2024, 12h08

O Rio de Janeiro recebe nesta quarta-feira, 21, os ministros das Relações Exteriores dos membros do G20, bloco que reúne as maiores economias do mundo, sob presidência do Brasil desde dezembro do ano passado, para o primeiro de dois dias de reunião. O evento será liderado pelo chanceler brasileiro, Mauro Vieira, que, antes disso, faz uma maratona de encontros bilaterais com seus pares do bloco.

Argentina

Nesta manhã, Vieira reuniu-se com Diana Mondino, sua homóloga na Argentina. Segundo o Itamaraty, os dois trataram das relações Brasil-Argentina e das prioridades para a região da América Latina na presidência brasileira do G20, posto que ocupa pela primeira vez na rotatividade entre os membros do bloco.

Embora os países sempre tenham sido próximos, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve encontrar mais dificuldades agora que o presidente hermano é o ultraliberal Javier Milei. Desde a disputa eleitoral, o autointitulado anarcocaptalista havia mirado sua língua afiada no petista, referindo-se a ele como “ladrão”, “comunista furioso” e “ex-presidiário”, além das promessas de retirar a Argentina do Mercosul.

Devido a atritos, o petista faltou à posse do argentino, que havia prometido, caso fosse eleito, romper relações com o Brasil e retirar a Argentina de organizações internacionais defendidas por Lula, como o Mercosul e o Brics, embora depois tenha moderado o discurso.

Integrantes do governo brasileiro, por sua vez, apoiaram a candidatura de Sergio Massa, atual ministro da Economia do governo de Alberto Fernández, que disputou o segundo turno contra Milei. E, quando o resultado das eleições foi divulgado, Lula publicou uma mensagem no X, antigo Twitter, parabenizando o novo presidente, mas sem mencionar o nome de Milei especificamente. 

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China

O vice-ministro das Relações Exteriores da China, Ma Zhaoxu, também veio ao Rio de Janeiro para a reunião dos chanceleres do G20. Antes disso, ele e Vieira “passaram em revista as relações bilaterais, com destaque para a próxima COSBAN, prevista para junho”, disse o Itamaraty.

A Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN) é o principal mecanismo de diálogo regular entre o Brasil e a China e congrega, no novo formato agora aprovado, dez subcomissões temáticas: Política; Econômico-Comercial e de Cooperação; Econômico-Financeira; Indústria, Tecnologia da Informação e Comunicação; Agricultura; Temas Sanitários e Fitossanitários; Energia e Mineração; Ciência, Tecnologia e Inovação; Espacial; e de Cultura e Turismo.

Lula viajou à China no ano passado, onde assinou cerca de 20 acordos comerciais com Pequim. A corrente de comércio Brasil-China ampliou-se de forma marcante desde o início do século. De US$ 3,2 bilhões em 2001, passou para US$ 150,5 bilhões em 2022 (montante recorde, superior ao volume alcançado no ano anterior, de US$ 135,5 bilhões). A China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009.

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Egito

Vieira reuniu-se ainda com o ministro Sameh Shoukry, do Egito, um importante player no âmbito da guerra Israel-Hamas na Faixa de Gaza. O Itamaraty informou que os dois trataram justamente das negociações em curso para um cessar-fogo e para a libertação dos reféns ainda em poder do Hamas.

“O ministro Mauro Vieira reiterou as gestões do Brasil em favor da libertação dos reféns, com especial atenção ao caso de cidadão brasileiro que estaria ainda em cativeiro”, disse o Ministério das Relações Exteriores brasileiro, acrescentando que os dois discutiram o aprofundamento das relações bilaterais, depois da recente visita do presidente Lula ao Egito.

A reunião dos chanceleres ocorre em meio a uma crise diplomática entre Brasil e Israel, desencadeada por uma fala em que Lula comparou as ações militares israelenses contra os palestinos em Gaza ao Holocausto, que matou mais de 6 milhões de judeus durante o regime nazista de Adolf Hitler. “Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse o presidente brasileiro.

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Indonésia e Angola

O Itamaraty também informou que Vieira já encontrou-se com a chanceler da Indonésia, Retno Marsudi, e o ministro para a cooperação econômica de Angola, José de Lima Massano. Angola é uma das convidadas especiais da cúpula. Também foram chamados Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega, Portugal, Singapura, Bolívia, Paraguai e Uruguai. Mais de 10 entidades também receberam convite, como as Nações Unidas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

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