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Vídeos explícitos e extorsão: o escândalo sexual que abala clero budista da Tailândia

Mulher foi presa por filmar relações sexuais que teve com nove monges e usar gravações para chantagem, um esquema que rendeu quase R$ 60 milhões

Por Flávio Monteiro
Atualizado em 18 jul 2025, 11h27 - Publicado em 18 jul 2025, 11h22

Uma mulher tailandesa foi presa na última terça-feira 15, acusada de chantagear monges do alto clero budista com vídeos e fotos de cunho sexual. Identificada como Wilawan Emsawat, ela supostamente teria se relacionado com membros importantes da principal instituição espiritual da Tailândia e usado os registros para chantagem e extorsão.

O caso foi descoberto a partir de investigações sobre o desaparecimento de um respeitado abade de Bangkok. Segundo as autoridades locais, o monge Phra Thep Wachirapamok teria sumido de seu monastério após ser extorquido por uma mulher.

Mais de 80 mil gravações e imagens foram encontradas em telefones celulares na casa da criminosa no início deste mês, incluindo fotos comprometedoras do monge Wachirapamok e de outras figuras importantes do clero budista tailandês. A mulher foi acusada de extorsão, lavagem de dinheiro e receptação de bens roubados.

Segundo as autoridades, ela teria acumulado com os crimes 385 milhões de baht, a moeda local, nos últimos três anos – aproximadamente R$ 59 milhões. Quase todo o dinheiro foi sacado, parte dele utilizada em em jogos de aposta online.

Emsawat, também conhecida pelo vulgo “Golf”, não comentou explicitamente sobre as acusações, mas disse, em entrevista à mídia tailandesa na quarta-feira 16, que teve relações sexuais com dois monges. Ela também admitiu ter recebido presentes extravagantes, como uma Mercedes-Benz SLK200, transferências de milhões de baht e um cartão bancário pessoal.

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A polícia afirma que a mulher teria se relacionado com pelo menos nove monges, com o mesmo modus operandi. “Verificamos sua trilha financeira e descobrimos que envolve muitos templos”, afirmou o investigador Jaroonkiat Pankaew. “Após apreendermos seu celular, verificamos e descobrimos que vários monges estão envolvidos”.

Crise no budismo tailandês

O caso teve grande repercussão na Tailândia, onde 90% da população se declara budista e homens costumam se ordenar temporariamente como monges para acumular bom carma. Esse, porém, é somente o escândalo mais recente.

Nos últimos anos, diversas denúncias de monges envolvidos com tráfico de drogas e crimes sexuais abalaram o país, levantando dúvidas sobre o comportamento de uma classe que deveria ser celibatária e se abster de desejos terrenos.

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Em 2017, o monge Wirapol Sukphol, conhecido por manter um estilo de vida luxuoso, foi parar nos jornais ao ser acusado de fraude, lavagem de dinheiro e crimes sexuais. Cinco anos depois, na província de Phetchabun, no norte do país, um templo ficou sem monges após todos os quatro ordenados serem presos em uma operação antidrogas.

Muitos apontam que grande parte do problema está na hierarquia rígida da Sangha, a comunidade dos praticantes do budismo na Tailândia, que impede poucas mudanças concretas no que diz respeito a questões disciplinares e de responsabilidade. Especialistas apontam que o sistema autoritário é semelhante à burocracia tailandesa, já que monges seniores são como funcionários de alto escalão e os juniores são seus subordinados – se algo inapropriado acontece, o baixo escalão teme se manifestar pelo risco de ser expulso do templo.

Recentemente, o Conselho Supremo da Sangha, órgão regulador do budismo tailandês, informou que vai formar um comitê especial para revisar os regulamentos monásticos. Também há pressão do governo para aumentar as penas para monges que violem o código monástico – incluindo multas e prisão.

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Uma classe privilegiada?

Embora os monges recebam uma renda mensal para alimentação entre 2.500 e 34.200 baht (valor em torno de R$ 427 e R$ 5.846), a depender da sua posição, as doações que os templos e clérigos recebem podem ser bastante lucrativas. Monges de hierarquia mais elevada chegam a receber dezenas de milhares de baht através de doações feitas por fiéis ricos.

Uma comentarista do jornal tailandês Bangkok Post, Sanitsuda Ekachai, recentemente usou termos duros contra o atual sistema monástico, afirmando que os monges “vivem em privilégios, cercados por riqueza e deferência”. Para o influenciador LGBTQIA+ e ex-monge Praiwan Wannabut, o episódio levanta questões sobre como o “dinheiro, poder e títulos” da classe permite tal comportamento.

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