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Vídeo: parlamentares de Taiwan sobem nas mesas do plenário e trocam tapas

Discussão sobre reforma que daria ao legislativo mais poder sobre o executivo se transforma em caos dias antes da posse do novo presidente, Lai Ching-te

Por Amanda Péchy
Atualizado em 17 Maio 2024, 10h42 - Publicado em 17 Maio 2024, 10h26

Os parlamentares de Taiwan trocaram discursos e palavras rebuscadas por tapas e socos nesta sexta-feira, 17, devido a divergências sobre uma reforma legislativa poucos dias antes da posse de Lai Ching-te, o novo presidente da ilha asiática.

Em meio ao empurra-empurra, os políticos atacaram-se uns aos outros subindo pelas mesas, enquanto rodeavam o assento do presidente da Câmara, mostram imagens da televisão taiwanesa.

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Tema quente

O conflito surgiu devido a uma proposta de reforma vinda do principal partido da oposição, o Kuomintang (KMT), e dos seus aliados, para dar ao parlamento maiores poderes de escrutínio sobre o governo. Isto inclui uma medida controversa para criminalizar “declarações falsas no parlamento”.

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A proposta que foi rejeitada pelo Partido Democrático Progressista (DPP), que governa a pequena ilha desde 2016 e vai continuar no poder com Lai. Políticos da sigla caracterizaram-na como “um abuso de poder inconstitucional”.

As cenas caóticas são prenúncio dos desafios de Lai como sucessor da presidente Tsai Ing-wen, que pode ter mais dificuldade do que o esperado para obter apoio do legislativo durante seu mandato. Isso porque, embora tenha vencido as eleições presidenciais em janeiro, o DPP não conseguiu garantir a maioria absoluta no órgão de 113 assentos.

Polarização

No passado KMT governou a ilha sob lei marcial de 1949 a 1989, invocando a ameaça comunista para controlar a vida da população com mão de ferro. Pelo menos 140 000 pessoas foram presas durante o chamado “terror branco”, das quais 2 000 acabaram executadas. As primeiras eleições livres só aconteceram em 1996 e de lá para cá o regime se democratizou. Apesar da antiga rejeição a Pequim, a legenda hoje tem uma postura mais pró-China, enquanto o DPP é mais próximo dos Estados Unidos.

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Pequena ilha no Pacífico com área pouco maior que a do estado de Alagoas, Taiwan reflete sinais que alimentam a feroz competição entre Estados Unidos e China pela hegemonia global. Expoente do capitalismo plantado na porta do gigante comunista desde a ascensão de Mao Tsé-tung, há 75 anos, o território está na mira do todo-poderoso presidente Xi Jinping, para quem a “reunificação” virou ponto de honra. Enquanto isso, Washington promete fazer de tudo para que isso não aconteça.

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À flor da pele

Taiwan, descrita como uma “democracia vibrante” que contrasta com sua gigante vizinha, a China, tem um histórico longo de conflitos parlamentares.

Em 2020, os legisladores do KMT – alguns usando capas de chuva – atiraram baldes de vísceras de porco contra o então primeiro-ministro, Su Tseng-chang, e trocaram golpes no plenário da Câmara durante uma violenta disputa sobre a flexibilização das importações de carne de porco dos Estados Unidos. A escaramuça deixou pedaços de corações, intestinos, pulmões e outros resíduos de porco espalhados pelo tapete vermelho do parlamento.

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No mesmo ano, um debate sobre cortes nas aposentadorias terminou numa guerra de balões de água.

Durante outro memorável incidente em 2006, houve um pandemônio quando Wang Shu-hui, uma política do DPP, tentou impedir uma proposta controversa sobre ligações diretas de transporte para a China. Ela rasgou o documento, colocou-o na boca, mastigou e acabou cuspindo os pedaços de papel.

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