Vídeo: O primeiro ato de mulher que recuperou filho em Portugal ao voltar para o Brasil
Erika Hecksher recuperou Henrique após pai português impedi-lo de retornar para casa; MP de Portugal considerou caso como rapto internacional

Parece história de filme. A carioca Erika Hecksher, de 50 anos, aterrissou em Portugal com dois dos três filhos para que passassem as férias de final de ano com o pai, Rui Fonseca e Castro, um ex-juiz português. A data de volta para casa, no Rio de Janeiro, estava marcada para 21 de janeiro. Mas, um dia antes, Rui comunicou que não devolveria o caçula, 10, acrescentando: “Estou a pedir a guarda do Henrique e a aplicação de uma medida de proteção”. Erika tem guarda unilateral dos filhos desde 2017, quando o casal se divorciou e cada um seguiu para o seu lado — ela, com os filhos no Rio; ele, de malas prontas para a Alemanha, onde se radicalizou e aderiu à extrema direita.
O único a retornar na data programada foi Afonso, 19, enquanto Erika permaneceu no país para engatar numa luta sofrida para reaver filho — e deu certo, depois de uma dura batalhas no tribunais, como mostrou uma reportagem de VEJA. Com a denúncia, o Ministério Público português considerou o caso como rapto internacional, numa violação flagrante da Convenção de Haia.
Enquanto aguardava a decisão judicial, Erika passou por dias sombrios, parte deles sem contato com o caçula após Rui cortar a internet. O menino, quando conseguia falar com a mãe pelo celular, contava que estava triste. Em uma das mensagens obtidas por VEJA, ele escreveu: “eu nunca mais venho aqui ver ele (sic) na minha vida”. Na Justiça, Erika foi alvo de machismo, numa crença deplorável de que o filho, sob qualquer hipótese, deve ficar com o pai, não com a mãe.
Ela também se sentiu abandonada pela diplomacia brasileira, que apenas ofereceu apoio no início do processo, deixando-a a própria sorte mais tarde para conseguir ter Henrique de volta. No entanto, ao contrário do desfecho de outras brasileiras, o final da história foi positivo: os dois se reencontraram em 13 de março, resultado de uma ordem judicial que demandou que o pai o devolvesse. Ao todo, eles ficaram mais de dois meses afastados.
Depois de uma epopeia, voltar à vida normal é um alívio. “Agora, é hora de descansar, de permitir que a exaustão se transforme em paz e de celebrar a união que lutamos tanto para recuperar”, disse ela a VEJA. “É o início de uma nova fase em nossas vidas”. Como bons cariocas, Erika e Henrique foram à praia para agradecer. Na areia, a mãe gravou um vídeo em que abre o coração sobre como é estar ao lado dos filhos, com a família completa, sem mais medo. As cicatrizes ficam, claro, mas não são maiores do que a felicidade. Assista o vídeo abaixo.