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Vice-presidente dos EUA acusa China de querer ‘se livrar’ de Trump

Mike Pence critica Pequim por ter lançado um 'salva-vidas' para a Venezuela com o 'empréstimo obscuro' de 5 bilhões de dólares

Por Da Redação
Atualizado em 5 out 2018, 00h36 - Publicado em 4 out 2018, 19h13

O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, acusou hoje (4) a China de valer-se de “esforços malignos” para interferir na eleição legislativa americana de 6 de novembro e de querer se livrar de Donald Trump. Ao acentuar a pressão da Casa Branca contra Pequim, o republicano condenou o país oriental por ter expulsado um navio americano no Mar do Sul e por auxiliar a Venezuela.

Pence retomou as acusações proferidas pelo próprio Trump no Conselho de Segurança das Nações Unidas, na semana passada. Ambos os países já se enfrentam em uma guerra comercial, que envolve as trocas de centenas de bilhões de dólares de mercadorias, e em disputas em torno de atividades cibernéticas, da soberania de Taiwan e da liberdade de circulação nos mares.

“A China lançou um esforço sem precedentes para influenciar a opinião pública americana, as eleições (de novembro) e todo o ambiente para a eleição presidencial de 2020”, denunciou o vice-presidente no Hudson Institute, think-tank conservador de Washington.

“A China interfere na democracia americana. Para dizer as coisas de forma clara, a China quer um presidente americano diferente”, afirmou.

Ao mudar a composição das duas casas do Congresso americano, as eleições legislativas de novembro poderão dar a maioria para a oposição democrata. Nesse ambiente mais adverso, Trump enfrentará muito mais do a resistência à aprovação de seus projetos e decisões na segunda metade de seu mandato: sua reeleição, em 2020, também está arriscada.

Em seu afã de potencializar a intromissão de Pequim, Mike Pence ressaltou que a interferência russa na política americana “é pouca coisa em comparação ao que a China faz neste país”. O caso russo, no entanto, está em investigação federal pela equipe do procurador especial Robert Mueller, que também apura se houve conluio entre Moscou e a equipe de campanha eleitoral de Trump, em 2016. O presidente americano chama essa investigação de “caça às bruxas”.

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Washington há tempos identifica a China como grande culpada por ataques cibernéticos contra bancos de dados do governo dos Estados Unidos e de empresas americanas. Mas autoridades e analistas independentes disseram não terem detectado o tipo de manipulação sistemática de redes sociais e roubo de e-mails que a Rússia é acusada de ter feito durante a eleição de 2016, na qual Trump saiu-se vitorioso.

A guinada da Casa Branca contra a China, neste momento, aparenta seguir uma estratégia de desvio da atenção da opinião pública do caso que potencialmente envolve a Rússia e Trump. Pence assegurou hoje que suas acusações se baseiam em descobertas das agências de inteligência americanas. Mas nem ele nem Trump forneceram evidências concretas de envolvimento chinês no processo eleitoral.

Para ele, as autoridades chinesas tentam “explorar as divisões entre os níveis federal e local” da política do país e influenciar os eleitores americanos antes das eleições. Alegou ainda que mais de 80% dos condados americanos visados pelas represálias comerciais da China “votaram pelo presidente Trump em 2016”. “Agora, a China quer virar esses eleitores contra o nosso governo”, estimou.

Venezuela

Pence acusou também a China de lançar um “salva-vidas” para a Venezuela, com “empréstimos questionáveis” em troca de petróleo. Em seu discurso, alertou para a “diplomacia da dívida”, supostamente usada por Pequim para aumentar sua influência no mundo, oferecendo “bilhões de dólares” para financiar obras de infraestrutura em todos os continentes.

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“Pequim lançou um salva-vidas ao corrupto e incompetente regime de (Nicolás) Maduro, da Venezuela, que está explorando seu próprio povo, prometendo cinco bilhões de dólares em empréstimos questionáveis a serem pagos com petróleo”, disse Pence.

Crítico implacável de Maduro, Pence também destacou que a China é o “maior credor individual” da Venezuela, “angustiando” o povo venezuelano “enquanto a sua democracia se desvanece”. O país, de fato, é um dos principais aliados de Caracas, a quem emprestou 62 bilhões de dólares na última década, dos quais ainda são devidos 20 bilhões.

No mês passado, Maduro se reuniu em Pequim com o presidente chinês, Xi Jinping. Em seu retorno a Caracas, anunciou um acordo para aumentar a um milhão de barris por dia a produção de petróleo destinada ao país asiático antes de agosto de 2019. O objetivo será alcançado graças aos investimentos de cinco bilhões de dólares da China. Em 2017, a Venezuela enviou ao mercado chinês o equivalente a 700.000 barris diários de petróleo.

Pence destacou que os termos dos empréstimos chineses são “obscuros, no melhor dos casos”, e disse que os lucros “invariavelmente vão” para Pequim.

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Para o vice-presidente, Pequim “corrompe” a política de alguns países, apoiando diretamente partidos e candidatos que se comprometam com seus objetivos estratégicos. “Desde o ano passado, o Partido Comunista da China convenceu três nações latino-americanas para romper os laços com Taipé e reconheçam Pequim”, assinalou, referindo-se ao Panamá, à República Dominicana e a El Salvador.

“Essas ações ameaçam a estabilidade do Estreito de Taiwan, e os Estados Unidos as condena”, afirmou Pence. “Os Estados Unidos sempre acreditarão que a adoção da democracia em Taiwan mostra um caminho melhor para todos os chineses”.

(Com Reuters e AFP)

 

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