Vice-presidente americana critica Israel e pede cessar-fogo em Gaza
Na declaração mais contundente dada por uma liderança dos EUA, Kamala Harris afirmou que o governo de Netanyahu deve impedir "catástrofe humanitária"

A vice-presidente americana Kamala Harris criticou o governo de Israel por não fazer o suficiente para impedir uma “catástrofe humanitária” em Gaza. Harris fez um apelo para um cessar-fogo imediato em Gaza, e pediu ao Hamas que aceite liberar os reféns em troca de uma pausa de seis semanas nas hostilidades.
A maior parte dos comentários, no entanto, foi direcionada a Israel e ao governo de Benjamin Netanyahu. “Pessoas em Gaza estão morrendo de fome. As condições são desumanas e a nossa humanidade nos compele a agir”, afirmou ela. “O governo israelense precisa fazer mais para aumentar significantemente o fluxo de ajuda humanitária. Sem desculpas“, concluiu, na declaração mais contundente contra Israel feita por uma liderança norte-americana até agora.
Os Estados Unidos têm sofrido maior pressão para ajudar a costurar um cessar-fogo depois que o governo israelense matou mais de cem palestinos que estavam em fila para receber comida, na quinta, 29. O presidente americano, Joe Biden, afirmou que faria mais, mas não detalhou como pretende fazer. Desde o episódio, diversos líderes mundiais se manifestaram a favor de um cessar-fogo imediato.
Neste domingo, 3, a negociação para uma trégua nos combates na Faixa de Gaza foi retomada. Uma delegação do Hamas, liderada pelo vice-chefe Khalil Al-Hayya, viajou até o Cairo, capital do Egito, para entregar uma resposta oficial à proposta formulada pelos países mediadores e pelos negociadores israelenses no fim de janeiro. Uma autoridade americana garantiu que um acordo de cessar-fogo está sobre a mesa e que “a bola está no campo do Hamas”, segundo a Agência AFP. Israel não confirmou sua aprovação desse plano.
A declaração de Kamala Harris foi feita durante um discurso realizado na frente da ponte Edmund Pettus, em Selma, no Alabama. O local tem um grande significado na luta pelos direitos civis. Há quase seis décadas, a polícia americana espancou manifestantes que organizaram uma marcha pacífica. O discurso relembrou o aniversário de 59 anos do Domingo Sangrento, como o episódio ficou conhecido.