Vice-ministro da Justiça discutiu afastar Trump do cargo, diz jornal
Rod J. Rosenstein sugeriu gravar o presidente secretamente para expor os escândalos da Casa Branca
O vice-ministro da Justiça dos Estados Unidos, Rod J. Rosenstein, discutiu a possibilidade de recrutar membros do gabinete de Donald Trump para afastar o republicano do cargo, segundo reportagem do New York Times publicada nesta sexta-feira.
De acordo com o jornal, Rosenstein sugeriu gravar Trump secretamente para expor o caos que consome sua administração. Além disso, também estudava convocar outros membros do governo para invocar a 25ª Emenda da Constituição, que prevê a retirada do presidente do cargo caso ele seja considerado incapacitado pelo seu próprio gabinete para o trabalho.
As discussões teriam acontecido em maio de 2017, quando Trump anunciou a demissão do então diretor do FBI, James Comey. Ele liderava a investigação sobre a interferência da Rússia nas eleições de 2016 e seu afastamento do cargo despertou muitas críticas e especulações sobre a possibilidade de um processo por obstrução de justiça.
Rosenstein fez os comentários em reuniões e conversas com outros membros do Departamento de Justiça e funcionários do FBI, quando tinha apenas duas semanas no cargo de vice-ministro. Várias pessoas descreveram os episódios ao New York Times, sob condição de anonimato.
Rosenstein tinha começado a supervisionar a investigação na Rússia e desempenhou um papel fundamental na demissão de Comey, escrevendo um memorando criticando sua maneira de lidar com a investigação sobre o uso de um e-mail privado por Hillary Clinton, quando a democrata ainda era secretária de Estado do governo Obama.
O vice-ministro, contudo, foi pego de surpresa quando Trump citou publicamente o memorando para justificar a demissão de Comey. Ele, então, começou a fazer críticas ao governo do republicano e passou dizer às pessoas que temia ter sido usado pelo presidente.
Nenhuma das propostas de Rosenstein aparentemente se concretizou. Porém, segundo o Times, o vice-ministro chegou a dizer ao diretor interino do FBI, Andrew G. McCabe, que conseguiria convencer o ministro da Justiça Jeff Sessions e o então secretário de Segurança Interna, John F. Kelly — hoje chefe de Gabinete da Casa Branca — a se empenharem para invocar a 25ª Emenda e afastar Trump da Presidência.
Em um comunicado enviado ao New York Times, Rosenstein negou as acusações feitas pela reportagem.
“O relato do New York Times é impreciso e incorreto em relação aos fatos”, afirmou na nota. “Não farei mais comentários sobre uma matéria fundamentada em depoimentos de fontes anônimas que obviamente são parciais contra o Departamento e promovem suas próprias agendas pessoais. Mas deixem-me ser claro sobre isso: com base nas minhas interações pessoais com o presidente, não há qualquer base para que a 25ª Emenda seja invocada.”