Venezuela tira emissora colombiana Caracol TV do ar
Para o presidente Juan Manuel Santos, o governo de Maduro está restringindo a liberdade de seus cidadãos
A Caracol TV, uma das principais emissoras privadas da Colômbia, saiu do ar na Venezuela por ordem do governo de Nicolás Maduro. Para o presidente colombiano Juan Manuel Santos, a atitude de Caracas “demonstra” o caráter ditatorial do regime.
A emissora denunciou que seu sinal foi suspenso na noite de quarta-feira, em meio às tensões políticas pela proteção dada por Bogotá à ex-procuradora e chavista dissidente Luisa Ortega Díaz. “Lamentamos profundamente esta decisão do governo da Venezuela de tirar a Caracol Televisión do ar”, afirmou nesta quinta-feira o diretor de notícias da Caracol, Juan Roberto Vargas, à emissora BLU Radio.
Maduro havia denunciado há alguns dias uma “campanha terrível” da Colômbia contra seu governo e acusou diretamente meios de comunicação como a Caracol e os jornais El Tiempo e El Espectador.
A Caracol informou que a ordem de retirada do ar foi feita pela autoridade de telecomunicações venezuelana, a Conatel, que em fevereiro também determinou a saída da CNN em espanhol e dois meses depois a do canal colombiano El Tiempo e do argentino Todo Noticias. Em 2014, o canal colombiano de notícias NTN24 também foi tirado do ar pelo organismo.
“Notícias Caracol sempre desempenhou o seu trabalho de maneira objetiva, verdadeira, seguimos sempre os princípios que consideramos fundamentais, que é oferecer jornalismo com contexto e escutar todos os pontos de vista. E isso é o que temos tentado fazer na Venezuela”, disse Vargas.
“Como uma ditadura”
A ação contra um dos principais meios de comunicação privados da Colômbia prejudica ainda mais a relação entre os dois governos, que compartilham uma fronteira de 2.200 quilômetros, e elevaram o tom de suas acusações em meio à crise política e econômica que envolve a Venezuela.
O presidente Santos, que acusa Maduro de levar a Venezuela para uma ditadura, lamentou a decisão. “Tenho que lamentar muitíssimo o que aconteceu, é uma demonstração a mais de um regime que não gosta das liberdades, um regime que está restringindo as liberdades de seus cidadãos”, indicou o presidente a jornalistas.
Santos, que alterna a sua atividade política com o jornalismo, voltou a descrever o governo de Maduro como uma ditadura. “Temos dito que é um regime que se afastou do sistema democrático, e que cada vez mais está atuando como uma ditadura”, sustentou.
Na segunda-feira, o presidente colombiano tornou ainda mais tensa a relação com Maduro ao oferecer proteção e asilo à procuradora destituída Ortega, que fugiu da Venezuela denunciando uma perseguição política. Destituída em 5 de agosto pela Assembleia Constituinte, a ex-funcionária disse ter evidências que relacionam o presidente venezuelano e seu círculo com a trama de corrupção da empreiteira Odebrecht.
(Com AFP)