Venezuela recebe ajuda humanitária da Cruz Vermelha
Suprimentos chegam a Caracas para abastecer hospitais depois de acordo 'sem politicagem' de Nicolás Maduro com a CICV
Um primeiro carregamento de ajuda humanitária da Cruz Vermelha chegou à Venezuela nesta terça-feira, 16, sob a aprovação do ditador Nicolás Maduro. O envio de mantimentos e produtos médicos faz parte de uma operação da organização internacional, não vinculada a nenhum Estado, para abastecer os hospitais locais.
Caixas de papelão com os símbolos da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho foram entregues à equipe local no aeroporto internacional de Maiquetia, nos arredores de Caracas, conforme imagens divulgadas nas redes sociais.
A Venezuela sofre com uma grave escassez de remédios e de suprimentos médicos derivada da pior crise econômica da história moderna e das alegações de corrupção no setor da saúde. No último dia 10, Maduro anunciou um acordo com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para que a Venezuela recebesse sua ajuda.
Até então, o regime de Maduro proibia o ingresso de ajuda humanitária enviado pelos Estados Unidos, Brasil e Colômbia por considerar essas operações uma via para a intervenção militar estrangeira na Venezuela. A proibição ainda vigora.
O governo e o CICV concordaram em “trabalhar em conjunto com as agências da Organização das Nações Unidas (ONU) para levar à Venezuela toda a ajuda humanitária que puder ser trazida”, dissera Maduro ao anunciar o acordo com a Cruz Vermelha. O venezuelano exigiu uma cooperação “sem politicagem, sem politização fraudulenta e por meio de legalidade e respeito.”
Na ocasião, o presidente autoproclamado Juan Guaidó, reconhecido por mais de cinquenta países, comemorou a permissão de Maduro para a entrada de assistência.
No aniversário de um mês de sua autoproclamação, no dia 23 de fevereiro, Guaidó tentou entrar com doações de alimentos e medicamentos pelas fronteiras com Colômbia, Brasil e Curaçao. Seus esforços falharam com o bloqueio das Forças Armadas comandadas por Maduro, que denunciaram a operação como uma desculpa para a intervenção militar dos Estados Unidos.
O regime chavista negou estar ignorando uma crise humanitária, afirmando que “há muito tempo” a Venezuela recebe “ajuda humanitária” de China, Rússia, Turquia, Índia e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPS). Pouco depois, em 29 de março, a Cruz Vermelha anunciou a pretensão de distribuir seus mantimentos já em meados de abril, ajudando cerca de 650.000 pessoas na Venezuela.
A operação desta quarta-feira é similar à realizada na Síria, segundo Francesco Rocca, presidente da organização.
(Com AFP)