Venezuela denuncia ‘passividade’ do Brasil após invasão de embaixada
Regime chavista exige que governo brasileiro cumpra com sua obrigação de 'proteger sedes diplomáticas em qualquer circunstância'
O governo da Venezuela condenou nesta quarta-feira, 13, a “passividade das autoridades policiais brasileiras” e “seu desinteresse em cumprir suas obrigações de proteção” após a invasão da embaixada venezuelana em Brasília por representantes do opositor Juan Guaidó.
Em uma nota divulgada pelo Ministério de Relações Exteriores, o governo venezuelano ainda exige do Brasil “o cumprimento de suas obrigações como Estado parte da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, que estabelece a obrigação de proteger sedes diplomáticas em qualquer circunstância”.
Na madrugada desta quarta, representantes de Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela, invadiram o prédio da embaixada. Segundo a Polícia Militar, os venezuelanos chegaram por volta das 4h da manhã e tentaram expulsar alguns funcionários do corpo diplomático leal a Nicolás Maduro que resistiram à entrada.
A embaixadora representante do governo de Guaidó no Brasil, Maria Teresa Belandria, afirmou que que um grupo de funcionários decidiu abrir as portas e entregar as chaves da representação diplomática voluntariamente.
Na nota, o ministro Jorge Arreaza afirma que a informação de que o grupo opositor teria sido convidado a entrar por funcionários que decidiram abandonar o apoio ao regime venezuelano é falsa e que essas alegações foram feitas para “diminuir a responsabilidade” dos atos cometidos.
“A Venezuela alerta que as informações sobre os assaltantes que circula nas mídias é falsa, porque dão a entender que essas ações violentas e ilegais foram realizadas com o consentimento de funcionários da diplomacia venezuelana. Afirmação essa que carece absolutamente de toda a vericidade, buscando somente diminuir a responsabilidade dos atos cometidos”, diz a nota.
O governo brasileiro chamou de “invasão” a ocupação da embaixada e afirmou que o presidente Jair Bolsonaro “jamais tomou conhecimento e, muito menos, incentivou” os atos. Em nota, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República afirmou que as forças de segurança da União e do Distrito Federal estão tomando providências para que a situação “se resolva pacificamente e retorne à normalidade”.
No Twitter, Bolsonaro também afirmou que o governo está tomando “as medidas necessárias para resguardar a ordem pública”.
Juan Guaidó se autoproclamou presidente da Venezuela em janeiro deste ano, após declarar que Nicolás Maduro “usurpou” o poder ao fraudar a votação que levou a sua reeleição em 2018. Brasil, Estados Unidos e outras dezenas de países reconheceram o líder da oposição como presidente legítimo.
Esta é a primeira vez que os representantes de Guaidó entraram na embaixada, ainda controlada pelo chavistas, desde que presidente Bolsonaro aceitou as credenciais da equipe do opositor, no início do ano.
A diplomacia de Guaidó vinha tentando tomar o prédio e desalojar os funcionários enviados por Maduro – que não tem mais relacionamento diplomático com o Brasil.