Veja para onde vão os russos que fogem da convocação de Putin
Centenas de milhares de russos deixaram o país após recrutamento de novos soldados para a guerra na Ucrânia
A mobilização parcial de novos recrutas anunciada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, no mês passado, provocou um onda de emigração no país. Os russos cruzaram a fronteira para Estados vizinhos para escapar da convocação militar para a guerra na Ucrânia.
De acordo com informações da mídia europeia, o número de cidadãos que deixaram Moscou pode chegar a centenas de milhares. Na terça-feira 4, a revista Forbes estimou que o êxodo já conta com cerca de 700.000 russos, incluindo potenciais recrutas, membros de suas famílias e outros viajantes. A Rússia negou os relatos.
Para onde os russo estão indo
Na semana passada, a Agência Europeia da Guarda de Fronteiras (Frontex) registrou um aumento de 30% na entrada de russos em países da União Europeia, que representava 66.000 pessoas em números absolutos.
A Finlândia, que tem uma fronteira de 1,3 mil quilômetros com a Rússia, tem sido o principal ponto de chegada à União Europeia. Dados finlandeses mostraram que o número de turistas russos que chegam pela fronteira do sul do país dobrou após 21 de setembro.
O Cazaquistão, que compartilha a segunda maior fronteira terrestre do mundo com a Rússia, também é destino para alguns deles. O ministro do Interior cazaque informou na segunda-feira 3 que mais de 200.000 russos entraram no país desde 21 de setembro, embora cerca de 147.000 já tenham seguido para outros destinos.
Além do Cazaquistão, onde os russos podem entrar sem passaporte ou visto, outros países como a Geórgia, ex-república soviética do leste europeu, afirmou que 68.887 russos chegaram de 21 a 29 de setembro, enquanto 45.624 partiram.
A ForwardKeys, companhia de análise de dados de viagens aéreas, relataram um aumento de três dígitos na semana encerrada em 27 de setembro no preço de passagens de ida da Rússia para Tbilisi, capital da Geórgia, Almaty, no Cazaquistão, Istambul, capital da Turquia, Tel Aviv, em Israel, e Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Dados oficiais da Turquia também apontaram um aumento nas chegadas e voos russos desde que a mobilização foi anunciada.
Como os países europeus estão reagindo
A maioria dos russos que entraram na União Europeia já tinham autorizações de residência ou vistos, enquanto outros tinham dupla cidadania. A partir de 26 setembro, o número de chegadas russas foram se reduzindo, segundo a Frontex, por causa da nova política de vistos aplicada pelo bloco. A medida torna mais demorada e cara a emissão de vistos para Moscou.
Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia começaram a recusar russos com vistos de turista emitidos por qualquer um dos estados signatários do Acordo de Schengen, que previa a abertura de fronteiras da União Europeia em 19 de setembro. A Finlândia seguiu o exemplo em 30 de setembro.
+ Finlândia fecha fronteira para turistas russos durante fuga da convocação
A fronteira do Ártico da Noruega com a Rússia é a última rota direta para a Europa aberta aos portadores de visto de turista russo pela convenção de Schengen. Contudo, o ministro da Justiça norueguês afirmou que o governo planeja proibir novas chegadas da Rússia a curto prazo, se necessário.
Desde que a mobilização começou, as embaixadas alemãs na Armênia, Cazaquistão, Geórgia, Cazaquistão e Bielorrússia viram um aumento nas consultas de cidadãos russos que desejam viajar para a Alemanha e a União Europeia.
Um porta-voz do Ministério do Interior disse à agência de notícias Reuters que a Constituição alemã consagra o direito ao asilo político, mas fez uma ressalva: “Devido a este exame caso a caso e às possibilidades severamente limitadas de viajar da Rússia para a Alemanha, assumimos que existem apenas alguns casos [possíveis de asilo].”
A França também disse que será seletiva sobre quem pode permanecer no país, levando em consideração o risco de segurança de cada pessoa.
“Vamos garantir que jornalistas dissidentes, pessoas que lutam contra o regime, artistas e estudantes ainda possam vir aqui”, disse o ministro para Assuntos Europeus francês, Laurence Boone, em 5 de outubro.