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‘Valores e papel da monarquia permanecem’, diz rei Charles em 1º discurso

O novo monarca da Inglaterra falou à nação pela primeira vez, buscando garantir que trará a mesma estabilidade da sua mãe, Elizabeth II, para o país

Por Amanda Péchy e Caio Saad
Atualizado em 9 set 2022, 15h41 - Publicado em 9 set 2022, 14h20

Em seu primeiro pronunciamento como rei, nesta sexta-feira, 9, Charles III deu o tom do que os britânicos podem esperar do novo monarca: “Nossos valores permanecem, e os papéis e deveres da monarquia também permanecem”, afirmou.

Após a morte de sua mãe, a rainha Elizabeth II, surgiram dúvidas se o novo rei será capaz de criar o mesmo senso de estabilidade e segurança que ela produziu. O primeiro discurso de Charles pareceu tentar sanar essas dúvidas.

“Fui criado para acalentar um senso de dever para com os outros. Como a rainha fez, agora me comprometo solenemente a defender os valores constitucionais no coração de nossa nação”, declarou.

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O novo rei lamentou a morte de sua mãe e elogiou seu longevo reinado de setenta anos, do qual a “afeição tornou-se marca registrada”. Segundo ele, suas qualidades como chefe de Estado eram complementadas por sua capacidade de “humor caloroso” e de “ver o melhor nas pessoas”.

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“Hoje, presto homenagem à minha mãe. Honro sua vida de serviço e compartilho esse sentimento de perda além da medida com todos vocês”, disse.

Charles relembrou que, quando a rainha Elizabeth II ascendeu ao trono, em 1952, com apenas 25 anos, o país e o mundo ainda enfrentavam as repercussões da II Guerra. O monarca descreveu como, ao longo das seguintes décadas, a Inglaterra mudou de cara devido a intercâmbios culturais, “tornando-se vários povos”, e suas instituições se transformaram também.

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“Nós prosperamos e florescemos”, afirmou. “Nossos valores permanecem, e os papéis e deveres da monarquia também permanecem.”

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Depois disso, o rei Charles III reconheceu que sua vida como monarca vai mudar muito em relação à vida de herdeiro do trono. Antes dedicado ao seu trabalho com caridades – algumas delas investigadas devido a doações irregulares – e conhecido por ter língua solta em relação à política – ele chegou a comparar o presidente russo, Vladimir Putin, a Adolf Hitler –, o novo rei indicou que esses dias ficaram para trás.

“Minha vida mudará com novas responsabilidades”, disse. “É certo que não terei mais tempo para minhas caridades, mas este importante trabalho continuará nas mãos de confiança de outros.”

Charles acenou para sua esposa, Camilla, que se torna rainha consorte, “em reconhecimento de seu apoio, há dezessete anos”. Camilla será coroada junto ao marido. “Ela trará para suas funções a devoção inabalável do dever”, completou.

O novo rei também falou sobre seu filho mais velho, o príncipe William, que se torna herdeiro oficial com a ascensão de seu pai ao trono. Charles comunicou que, além de receber seu antigo título de duque da Cornualha, William e sua esposa, Kate Middleton, tornam-se agora príncipe e princesa de Gales, título que Charles recebeu na juventude.

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+ O futuro da monarquia recai sobre príncipe William, novo herdeiro do trono

Ele também lembrou de seu filho mais novo, o rebelde príncipe Harry, e sua esposa, a atriz americana Meghan Markle.

“Eu também gostaria de expressar meu amor por Harry e Megan, enquanto eles cultivam suas vidas no exterior”, disse. Os dois abandonaram os deveres reais em 2020, após um desentendimento com a família real, que depois afirmaram ter relação com o escrutínio dos tabloides britânicos e com supostos casos de racismo dentro do Palácio de Buckingham.

No fim do discurso, Charles voltou a exaltar o reinado da mãe, pedindo para que os britânicos, em sua dor, se lembrem e se guiem por seu exemplo.

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“Meus mais sinceros e sinceros agradecimentos por suas condolências e apoio. Para minha querida ‘mama’, nesta última grande jornada para encontrar meu falecido ‘papa’, eu gostaria de dizer apenas obrigado. Que voos de anjos te cantem para o teu descanso.”

+ O nobre legado de Elizabeth II

Os próximos dias

Depois de dar o primeiro grande passo inicial em sua trajetória como rei com o discurso à nação, Charles agora tem uma maratona de compromissos pela frente. Ainda nesta sexta-feira, o Conselho de Adesão, que inclui altas figuras do governo e conselheiros privados, se reunirá no Palácio de St. James para a proclamação principal do novo rei.

A proclamação será lida em público de uma varanda dos aposentos. Uma outra declaração será lida no Royal Exchange, na cidade de Londres. O novo rei terá outras audiências com a primeira-ministra e gabinete, o líder da oposição, o arcebispo de Canterbury e o reitor de Westminster.

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Nas próximas horas desta sexta-feira, embora não se saiba ao certo quando, o monarca também deve se encontrar com Edward Fitzlan-Howard, o duque de Norfolk, que é responsável por organizar os preparativos para o funeral da rainha.

Já no sábado, às 6h no horário de Brasília, o novo rei será formalmente proclamado chefe de Estado, embora o título já tenha sido transferido assim que a rainha Elizabeth morreu.

No domingo, o novo rei e sua esposa, a rainha consorte Camilla, ouvirão mensagens de condolências no Westminster Hall, entre as Casas do Parlamento em Westminster, Londres.

Na segunda-feira, quando o caixão da rainha Elizabeth chegar a Londres, ele será transferido para o Palácio de Buckingham de carro. O rei continuará sua excursão pelo país com uma visita a Belfast, capital da Irlanda, onde visitará o Castelo de Hillsborough e a Catedral de St. Anne.

+ O funeral da rainha: O que esperar nos próximos 10 dias 

Do sexto ao nono dia da cerimônia, na terça-feira, o corpo da rainha ficará no Westminster Hall. Seu caixão ficará em uma caixa elevada, conhecida como catafalque, no meio do salão, e permanecerá aberta ao público 23 horas por dia. Milhares de pessoas devem fazer fila para prestar homenagem pessoalmente a Elizabeth; haverá uma fila de espera no Victoria Tower Gardens, um pequeno espaço verde ao lado das Casas do Parlamento.

Dez dias após sua morte, Elizabeth terá sua despedida oficial na Abadia de Westminster, com a presença de membros de sua família, importantes figuras do Estado britânico e chefes de Estado de todo o mundo. Exatamente às 11h, os carregadores levarão o caixão ao Túmulo do Guerreiro Desconhecido e permanecerão lá enquanto o Big Ben tocará apenas uma vez para fazer um silêncio nacional de dois minutos.

As canções The Last Post, Reveille e o Hino Nacional encerrarão o serviço fúnebre de uma hora, antes de uma procissão de 2,4 quilômetros que levará o caixão do Palácio de Buckingham para Wellington Arch e, depois, para o local de descanso final de Elizabeth em Windsor.

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