União Europeia critica plano de Trump para paz no Oriente Médio
Para Bruxelas, texto contradiz o entendimento internacional e sua negociação excluiu a Palestina
A União Europeia rejeitou nesta terça-feira, 4, partes do novo plano dos Estados Unidos para a paz entre israelenses e palestinos no Oriente Médio. Os europeus alegam que o texto rompe com o entendimento internacional e que qualquer negociação deveria levar os dois lados à mesa. A Autoridade Palestina não participou da discussão do projeto.
O vice-presidente da Comissão Europeia, Josep Borrel, disse que “para se obter uma paz justa e duradoura, as questões pendentes precisam ser decididas por meio de negociações diretas entre as duas partes”. O texto, para ele, “se afasta desses parâmetros combinados internacionalmente”. O plano elaborado pelos Estados Unidos ao lado do governo de Israel.
Vendido pelo presidente americano, Donald Trump, como o “Acordo do Século”, a proposta implica no reconhecimento, Israel como nação legítima pela Autoridade Palestina, que teria de abrir mão de reivindicações históricas, entre as quais a suas soberania sobre a cidade de Jerusalém. Em troca, os territórios palestinos seriam reconhecidos como um Estado, que receberia bilhões de dólares em investimentos.
Porém, a proposta impede que o novo Estado palestino tenha controle de suas novas fronteiras e organize um Exército nacional. Trump também prometeu aos palestinos “duplicar seu território” quando Israel ceder três cidades, de maioria árabe, e um território no meio do deserto de Neguev. Os assentamentos israelenses em territórios palestinos seriam mantidos.
O texto foi imediatamente rechaçado pela população e governo palestinos assim que foi apresentado. O mapa divulgado pelos Estados Unidos do novo Estado palestino também foi criticado e apelidado de “arquipélago palestino” nas redes sociais.
Israel ocupou diversas regiões após a Guerra dos Seis Dias em 1967. A comunidade internacional, inclusive o Brasil, no entanto, reconhecem apenas as fronteiras estabelecidas pré-conflito e condenam a presença de assentamentos israelenses nessas regiões. Com a ascensão de Trump à Casa Branca, a política americana quanto a Israel começou a mudar.
Em 2017, o governo americano moveu sua embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, que é considerada um território internacional, e em 2019 a anexação das Colinas e Golã e a ocupação israelense na Cisjordânia, junto de seus assentamentos, foram reconhecidas como legitimas pelos Estados Unidos.
(Com Reuters)