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União entre homem e mulher é base da família, diz papa Leão XIV

Em discurso para diplomatas no Vaticano, pontífice também reiterou rechaço da Igreja ao aborto, mas defendeu dignidade de imigrantes e paz

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 16 Maio 2025, 12h59 - Publicado em 16 Maio 2025, 10h58

O papa Leão XIV, em discurso a diplomatas de todo o mundo no Vaticano, afirmou nesta sexta-feira, 16, que a união entre um homem e uma mulher é o “fundamento” da família, que por sua vez serve de base para uma “sociedade harmoniosa e pacífica”. Foi um aceno à ala conservadora da Igreja Católica, numa fala em que, por outro lado, também defendeu a dignidade dos imigrantes, o diálogo interreligioso e a liberdade religiosa e renovou seus apelos pela paz.

“É responsabilidade dos governantes trabalhar para construir sociedades civis harmoniosas e pacíficas. Isso pode ser alcançado, acima de tudo, investindo na família, fundada na união estável entre um homem e uma mulher”, afirmou o novo pontífice, eleito na semana passada.

No encontro, ele também reiterou a oposição da Igreja Católica ao aborto.

Essa foi a primeira vez em que o americano Robert Francis Prevost se posicionou sobre tais temas desde que se tornou papa. Antes, já havia feito declarações contra a união entre pessoas do mesmo sexo. Em 2012, lamentou que a mídia ocidental e a cultura promovessem “simpatia por crenças e práticas que estão em desacordo com o Evangelho”, referindo-se ao “estilo de vida homossexual”.

Mas foi quando assumiu como bispo em Chiclayo, cidade no noroeste do Peru, que endureceu de vez o discurso, ao se opor à educação sexual nas escolas e à ideologia de gênero – essa última definida por ele “como confusa, porque busca criar gêneros que não existem”.

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Leão x Francisco

É possível ler o posicionamento como uma espécie de contraste com o papa Francisco, que autorizou bênçãos a casais do mesmo sexo e fez declarações mais receptivas à população LGBTQIA+ (“se uma pessoa é gay quem sou eu para julgá-la?”, perguntou). Que não se confunda, porém, a face humana do jesuíta argentino Jorge Mario Bergoglio, sensível às mazelas e angústias individuais, com um suposto pendor para remexer preceitos seculares da instituição que rege. Ele abraçava a doutrina.

“O matrimônio é um dos sete sacramentos e prevê o casamento apenas entre homem e mulher. Isso é intocável”, escreveu ele na autobiografia Vida: Minha História Através da História (HarperCollins Brasil), que considera “pecadores” os que conduzem arranjos diferentes, embora os acolha. “Jesus ia ao encontro de gente que vivia nas periferias existenciais, e é isso o que a Igreja deveria fazer com a comunidade LGBTQIA+”.

Noutro pedaço do livro, lembra que permitiu, em 2015, o perdão a grávidas que interrompem a gestação, sem diminuir sua aversão ao ato: “O aborto é um homicídio, um gesto criminoso”, disparou.

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Imigrantes e apelo pela paz

Além das falas na esfera moral sexual, Leão XIV também usou o discurso para reforçar seu compromisso social. O pontífice, que nasceu nos Estados Unidos mas viveu por vinte anos no Peru, onde atuou como missionário e depois bispo, descreveu-se no discurso a diplomatas na Santa Sé como um “descendente de imigrantes” e pediu compaixão e solidariedade para com as pessoas deslocadas. Ele disse que sua experiência de ter vivido na América do Norte e do Sul e suas viagens pelo mundo lhe deram a capacidade de “transcender fronteiras para encontrar diferentes povos e culturas”.

“A minha própria história é a de um cidadão, descendente de imigrantes, que por sua vez emigraram”, discursou o papa, em evidente contraste com a atual agenda imigratória do presidente Donald Trump em seu país de origem. “Cada um de nós, ao longo da vida, pode encontrar-se saudável ou doente, empregado ou desempregado, na sua terra natal ou numa terra estrangeira. A nossa dignidade, no entanto, permanece sempre a mesma, a de uma criatura querida e amada por Deus.”

+ As polêmicas de Louis Prevost, o irmão ‘trumpista’ de papa Leão XIV

Leão XIV indicou que continuaria a tradição de seus antecessores de viajar pelo mundo.

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Eleito papa na semana passada, o pontífice concentrou seu discurso em temas como as causas profundas dos conflitos e a necessidade de diplomacia multilateral. “No nosso diálogo, gostaria que tivéssemos presentes três palavras-chave”, afirmou aos diplomatas. As três palavras, explicou, são “paz”, “justiça” e “verdade”.

Ele mencionou especificamente apenas o Oriente Médio e a Ucrânia, dizendo que eram dois dos lugares onde as pessoas estavam sofrendo “mais gravemente” hoje. Leão XIV declarou que a Igreja não hesitaria em usar “linguagem direta” para falar a verdade aos poderosos do mundo.

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