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Ultradireita da França propõe proibir cidadãos estrangeiros no governo

Medida impediria pessoas com dupla cidadania de ocupar cargos públicos 'estratégicos', como nas áreas de Defesa e Segurança

Por Da Redação
25 jun 2024, 18h07

O líder do partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN), Jordan Bardella, anunciou nesta segunda-feira, 24, que planeja proibir cidadãos com dupla cidadania de trabalhar em cargos de públicos caso o partido vença as eleições legislativas da França. Após a chuva de críticas da esquerda e de centristas, ele disse que foi injustamente “caricaturado” e que “os franceses de origem estrangeira que trabalham e respeitam a lei” não devem temer a medida.

Marine Le Pen, filiada ao RN e principal rival do presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que a iniciativa miraria “apenas um punhado de empregos” em “cargos estratégicos sensíveis”, como nas áreas de Segurança e Defesa. A ultradireitista, além disso, disse que existiria uma lista sobre vagas para o governo, que seria atualizada regularmente conforme os “problemas geopolíticos”.

Jean-Philippe Tanguy, membro da Assembleia Nacional da França que concorre à reeleição, argumentou em entrevista à rádio France Inter que Bardella e Le Pen não formulariam uma medida “que se refira às pessoas em termos de sua religião e supostas origens”.

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Críticas ao RN

A proposta foi criticada pelo ministro do Interior, Gérald Darmanin. Em entrevista à rádio francesa Europe 1, o político declarou que a restrição pode “dividir a nação”, acrescentando que não gosta “desta forma de filtrar os franceses”. A visão foi ecoada pela ex-ministra da Educação, Najat Vallaud-Belkacem, que tem dupla nacionalidade francesa e marroquina. Ela publicou uma carta aberta no jornal francês Le Monde nesta terça-feira, na qual disse estar “convivendo com a dor e a angústia deste período eleitoral sério e incerto”.

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“Dirijo-me a todos os franceses que nunca serão franceses o suficiente para o RN: aqueles que obtiveram a nacionalidade francesa, aqueles que têm dupla nacionalidade, aqueles que nasceram e vivem em França durante décadas, filhos de imigrantes, franceses de (territórios) ultramarinos, que nunca tiveram o primeiro nome certo, a religião certa, a cor de pele certa para a extrema direita. Hoje, mais do que nunca, temos um alvo nas costas”, escreveu ela, hoje vice-prefeita de Lyon.

“No poder, o RN, que nunca escondeu o seu ódio contra aqueles que chama de ‘franceses no papel’, se apressará a nos proibir o acesso a empregos que considera bons demais para nós: na administração estatal, nas empresas públicas e missões estaduais”, acrescentou a política.

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Panorama eleitoral

As eleições legislativas foram antecipadas depois de Macron dissolver o Parlamento francês, motivado pela derrota do seu partido, Renascimento (REM), nas votações para o Parlamento Europeu, braço legislativo da União Europeia. Na ocasião, ele definiu o resultado do pleito como “um desastre que não pode ser ignorado” e argumentou que o “aumento dos nacionalistas e demagogos é um perigo”. O RN arrematou 31,37% dos votos, contra apenas 14,60% da coalizão do presidente francês, Besoin d’Europe.

Macron derrotou Le Pen nas eleições presidenciais francesas de 2017 e 2022, com 66,1% e 58,54% dos votos em cada ano, respectivamente. Logo depois da convocação da corrida legislativa na França, Le Pen afirmou que sua vitória no Parlamento Europeu era um acontecimento “histórico” e que ela estava pronta para ganhar novamente, desta vez em nível nacional.

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