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Ucrânia precisa entender que ‘porta da Otan não está aberta’, diz Zelensky

Fala do presidente ucraniano é a mais clara sobre o tema, principal ponto de embate entre Moscou e Kiev

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 mar 2022, 13h27 - Publicado em 15 mar 2022, 12h57

Em meio às negociações para o fim do conflito provocado pela invasão da Rússia, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 15, que seu país precisa entender que “a porta da Otan não está aberta” para admissão, em referência à principal aliança militar ocidental.

“A Ucrânia não é um membro da Otan. Entendemos isso. Durante anos, escutamos que as portas estavam abertas, mas também escutamos que não podíamos nos unir. Esta é a verdade e temos de reconhecê-la”, acrescentou. Demonstrando frustração pelo fato de que a Ucrânia não seria admitida como membro, ele pediu que, desta forma, sejam encontradas outras vias de cooperação militar. 

A fala do presidente ucraniano é a mais clara sobre o tema, principal ponto de embate entre Moscou e Kiev.

As exigências de Moscou para encerrar a invasão ao país vizinho, que teve início em 24 de fevereiro, foram explicitadas recentemente quando o porta-voz Dmitry Peskov listou as condições para que a Rússia interrompa suas operações militares na Ucrânia. Em entrevista à agência Reuters, Peskov disse que o Kremlin exige que Kiev encerre sua ação militar, mude sua Constituição para a neutralidade, de modo que o país garanta que jamais irá fazer parte da Otan ou da União Europeia, e reconheça a independência das regiões de Donetsk e Luhansk, além de enxergar a Crimeia como um território russo.

Moscou chama sua incursão de “operação militar especial” para desarmar a Ucrânia e desalojar líderes que chama de “neonazistas”. Kiev e seus aliados ocidentais dizem que se trata de um pretexto para uma guerra não provocada contra um país democrático de 44 milhões de pessoas.

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Durante sua fala nesta terça-feira, Zelensky também lamentou o fato de a Otan não ter imposto uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia para evitar ataques russos e comentou que as sanções internacionais aplicadas até o momento “não são suficientes”.“Ouvimos falar muito sobre uma Terceira Guerra Mundial, que supostamente começaria se a Otan fechasse os céus ucranianos aos mísseis e aviões russos. Com isso, o corredor humanitário de exclusão aérea ainda não foi estabelecido”, lamentou.

Os Estados Unidos, no entanto, já haviam descartado anteriormente o uso de tropas para criar uma zona de exclusão, já que tal ação colocaria forças americanas em combate direto com a Rússia, podendo levar ao que o presidente Joe Biden classificou como “terceira Guerra Mundial”.

“Ouvimos falar muito sobre uma Terceira Guerra Mundial, que supostamente começaria se a Otan fechasse os céus ucranianos aos mísseis e aviões russos. Com isso, o corredor humanitário de exclusão aérea ainda não foi estabelecido”, lamentou Zelensky. 

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A nova fala do presidente se dá em meio à quinta rodada de negociações entre representantes russos e ucranianos. O encontro anterior, na segunda-feira, entrou em uma “pausa técnica” até esta terça para “trabalho adicional de subgrupos de trabalho e esclarecimento de definições individuais”.

Os outros encontros renderam entendimentos escassos para proteção de civis, e a terceira rodada de conversas terminou com “pequenos desenvolvimentos positivos”, segundo um representante ucraniano. Apesar do tom mais positivo, a implementação de corredores humanitários, que têm objetivo de facilitar a retirada de civis e a entrada de itens básicos como remédios, tem se mostrado difícil em cidades afetadas pela guerra.

Mesmo com avanços diplomáticos, um entendimento das partes sobre o fim do conflito ainda parece longe. Para Oleksiy Arestovich, conselheiro do chefe de gabinete do presidente ucraniano, o conflito não deve passar de maio, quando acredita que a Rússia não terá mais recursos para manter seus ataques.

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“Acho que no mais tardar em maio, início de maio, devemos ter um acordo de paz. Talvez muito antes, veremos, estou falando das últimas datas possíveis”, disse em vídeo publicado nas redes sociais.

O Kremlin, por sua vez, disse que ainda é muito cedo para previsões.

“O trabalho é árduo, e, na situação atual, o próprio fato de eles continuarem [as conversa] é provavelmente positivo”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. “Não queremos dar previsões. Aguardamos resultados”.

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