Twitter recua após censurar reportagem contra Biden
Site retirou do ar reportagem sobre Hunter Biden, filho do ex-ve-presidente Joe Biden, ter usado sua influência na Ucrânia para obter vantagens política
Após bloquear a propagação de uma reportagem do jornal americano New York Post contra Joe Biden, o Twitter voltou atrás e anunciou novas regras sobre material oriundo de hackers.
A censura causou uma intenso debate nas redes dos Estados Unidos na última quinta-feira 15, quando o Twitter freou a divulgação da matéria, que continha dados vazados por hackers. O presidente Donald Trump chegou a acusar o Twitter de estar interferindo nas eleições.
A reportagem censurada relata um computador abandonado em Delawere, estado em que Biden mora e onde já foi senador, continha e-mails de Hunter Biden, filho do ex-vice-presidente, em que usava sua influência em uma empresa ucraniana investigada por corrupção com o objetivo de interferir nas eleições de 2016.
Repetido exaustivamente por Trump, o “escândalo da Ucrania” não encontrou voz nas Inteligência dos Estados Unidos, ao contrário da interferência russa, em que Moscou teria interferido em prol do republicano. Como resultado, a investigação levou para cadeia aliados próximos do presidente.
“Nas últimas 24 horas, nós recebemos importantes críticas (positivas e negativas) sobre como aplicamos ontem a nossa política sobre materiais hackeados. Após termos refletido sobre as críticas, decidimos realizar mudanças nas políticas e em como vamos aplicá-la”, disse Gadde.
Gadde disse que as regras foram introduzidas em 2018 para “desencorajar e mitigar danos associados hackeamentos e exposições não autorizadas de informações privadas”. Ela disse ainda que isso causou consequências não intencionais para com jornalistas, delatores e outros usuários numa maneira contrária ao propósito do Twitter em ajudar no debate publico.
A partir de agora, o Twitter não removerá conteúdos hackeados a menos que sejam compartilhados por hackers ou aqueles que agem em conluio com eles. E posts poderão receber um selo avisando sobre o contexto daquela mensagem, em vez de ser excluido.
Over the last 24 hours, we’ve received significant feedback (from critical to supportive) about how we enforced our Hacked Materials Policy yesterday. After reflecting on this feedback, we have decided to make changes to the policy and how we enforce it.
— Vijaya Gadde (@vijaya) October 16, 2020
A prática do selo começou a ser utilizada pelo Twitter neste ano, em primeiro momento em postagens de Trump que continham desinformação. Ao clicar, o usuário é lavado para uma página na qual a empresa reúne diversas fontes de checagem de fatos. O próximo passo da rede social foi rotular se uma determinada conta está associada a um governo específico, para ajudar o leitor a identificar o viés daquela informação.
Na quinta, o Twitter sofreu com uma instabilidade que o tirou do ar. Após voltar ao, Trump postou em sua conta um texto de um site de paródias dizendo que a empresa havia tirado o site do ar somente para evitar as críticas a Biden.