Relâmpago: Assine Digital Completo por 1,99

Turquia mantém prisão preventiva de prefeito de Istambul e inflama protestos

Centenas de milhares saíram às ruas de várias cidades turcas em apoio a Ekrem Imamoglu, principal adversário do atual presidente, Recep Erdogan

Por Sara Salbert 24 mar 2025, 10h38

Um tribunal turco determinou no domingo 23 que o prefeito de IstambulEkrem Imamoglu, permaneça preso preventivamente enquanto aguarda julgamento por acusações de corrupção, desencadeando os maiores protestos da Turquia em mais de uma década. O popular político, que tornou-se um dos principais nomes cotados para disputar a eleição geral de 2028, é o principal rival do atual presidente, Recep Tayyip Erdogan.

Após a decisão do tribunal, centenas de milhares de pessoas se reuniram nas ruas de várias cidades da Turquia em manifestações de apoio a Imamoglu, classificando as ações contra ele como politizadas e antidemocráticas.

Apesar dos protestos terem sido majoritariamente pacíficos, alguns episódios de violência ocorreram em Istambul, Ancara e Izmir. A polícia disparou gás lacrimogêneo, canhões de água, spray de pimenta e balas de borracha contra a multidão. Um total de 1.133 pessoas foram detidas desde a última quarta-feira, quando o prefeito foi detido em sua casa, disse o Ministro do Interior Ali Yerlikaya, e cerca de 123 policiais ficaram feridos nos protestos. 

Imamoglu foi preso quatro dias antes de ser nomeado candidato presidencial da principal força de oposição da Turquia, o Partido Republicano do Povo (CHP). Mas uma condenação pode impedi-lo de concorrer.

As acusações

Promotores estaduais acusaram o prefeito de liderar uma organização criminosa e supervisionar um esquema de suborno, fraude em licitações e outros delitos financeiros na Prefeitura, além de ter se aliado ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), um grupo pró-curdo considerado terrorista pelo Estado, durante eleições locais do ano passado.

Continua após a publicidade

Fora Imamoglu, outros 47 políticos da oposição também foram presos enquanto aguardam julgamento, incluindo dois prefeitos distritais de Istambul e um assessor. Outros 44 foram detidos e libertados em seguida, mas permanecerão sob controle judicial.

Imamoglu negou todas as acusações contra ele e as classificou como “calúnias inimagináveis”, convocando protestos nacionais no domingo. Logo após sua detenção, o prefeito prometeu derrotar Erdogan, e garantiu que vai responsabilizar aqueles que comandaram a investigação. O CHP disse que apelaria da decisão dos promotores e elegeria alguém para trabalhar como prefeito interino. 

“Nós arrancaremos esse golpe, essa mancha escura em nossa democracia, todos juntos”, declarou Imamoglu.

Continua após a publicidade

O governo, por sua vez, negou que as investigações tenham motivação política e alega que os tribunais são independentes.

Quem é o prefeito de Istambul?

Imamoglu, 54 anos, à frente de Erdogan em algumas pesquisas de opinião, é alvo de duas investigações separadas que incluem acusações de liderar uma organização criminosa, suborno e fraude em licitações. Sua detenção ocorreu um dia após a Universidade de Istambul anular seu diploma, o que também o impediria de concorrer em eleições.

Embora o pleito seja apenas em 2028, o atual presidente atingiu seu limite de dois mandatos, depois de ter ocupado anteriormente o cargo de primeiro-ministro. Se ele quiser concorrer novamente, precisaria convocar uma eleição antecipada antes do fim do mandato, ou mudar a Constituição.

Continua após a publicidade

Erdogan foi reeleito no ano passado, mas mesmo assim enfrentou reveses. O CHP de Imamoglu varreu as principais cidades da Turquia e derrotou sua sigla, o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AK), em antigos redutos nas eleições municipais nacionais. Imamoglu foi eleito prefeito três vezes desde 2019, mas é acusado há muito tempo de usar o poder do estado para minar seus rivais. 

“Tentativa de golpe”

A prisão de Imamoglu vem após uma repressão de meses contra figuras da oposição e o afastamento de funcionários eleitos, no que os críticos afirmam ser uma tentativa do governo de prejudicá-los em uma futura corrida eleitoral. Atualmente, seis dos 27 prefeitos municipais do CHP em Istambul estão presos.

O presidente do CHP, Ozgur Ozel, disse que o alto comparecimento nas eleições primárias foi uma forte repressão ao que ele chamou de “tentativa de golpe”, alegando que “a legitimidade de Erdogan está em questão e torna uma eleição antecipada inevitável”.

Continua após a publicidade

“Se eles acreditam que podem competir conosco, com Ekrem Imamoglu, então que convoquem eleições antecipadas”, completou Ozel. 

A ONG Human Rights Watch qualificou as acusações contra o prefeito como “falsas e politicamente motivadas”, dizendo que ele deve ser libertado imediatamente.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ECONOMIZE ATÉ 88% OFF

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês

Revista em Casa [br]+ Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
[del][small]de 35,90/mês[/small][/del]
de 25,90/mês
[small]Texto menor[small]

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.