Turistas brasileiros são barrados em aeroporto no México
Casal de Tocantins relatou que após descerem do avião foram encaminhados para o departamento de Imigração onde ficaram cerca de 12 horas
Um casal de brasileiros de Palmas (TO) foi barrado pela imigração no Aeroporto Internacional da Cidade do México e obrigado a voltar para o Brasil no dia 5 deste mês. Os motivos ainda não estão esclarecidos. O técnico em segurança do trabalho Erismar Araújo, de 30 anos, e a mulher, Lorrayne Araújo, de 22 anos, foram impedidos de seguir o trajeto que iria até a cidade de Tapachula e, em seguida, para a Guatemala. Eles comemorariam o casamento na viagem, que duraria cerca de 20 dias. Pelo menos outros 10 brasileiros teriam sido barrados junto com o casal no mesmo dia.
Araújo e a mulher seguiriam de avião para a cidade de Tapachula e, de lá, iriam de ônibus para a Guatemala, onde ficariam na casa de um amigo. “Estávamos com todos os documentos em dia, com o dinheiro para a viagem, hospedagem marcada e a carta convite do nosso anfitrião na Guatemala, mas mesmo assim fomos barrados. Não disseram os motivos, mas me parece que foi preconceito por sermos brasileiros. Só tinha brasileiros barrados”, disse Araújo.
Pela viagem o casal gastou cerca de 12.000 reais, entre as passagens compradas pela CVC, passeios, as roupas e presentes comprados para o anfitrião. Segundo Araújo, fiscais no aeroporto questionaram para onde ele ia, por quanto tempo pretendia ficar, por que escolheu o trajeto que faria e quanto dinheiro tinha.
“Descemos do avião e já fomos direcionados para a imigração. Chegou um fiscal e começou a perguntar e depois nos encaminharam para outra sala, onde passamos quase 12 horas”, disse. Uma das dificuldades foi falar com os agentes, já que eles não entendiam bem o português. “Nós chegamos a solicitar um intérprete porque, embora entendêssemos o que eles estavam dizendo, eles não entendiam o que a gente dizia”, disse Araújo.
Só depois da espera é que foram encaminhados de volta ao Brasil. “Foi uma humilhação, um constrangimento. Saímos da sala, pertinho do check-in, parecendo bandidos. Todo mundo ficou olhando.”
Na sala de espera, Araújo conta que precisou esperar até as 16h sem comida nem conforto nenhum. Junto do casal estavam outros brasileiros. “Tinha uma senhora com uma criança de 5 anos que sofreu os mesmos maus tratos que nós. O local era parecido com um vestiário, com um banco fixo no chão. A única alimentação que tivemos foi um sanduíche queimado e com recheio com mal cheiro, que parecia estar estragado. Ao avisarmos um policial, nos foi dito que, se não quiséssemos, era só não comer. Eu não comi e minha mulher também não”, disse.
Ele relatou que todo o episódio foi filmado por quatro câmeras que estavam no ambiente. O grupo também não teve acesso a telefones, para que pudesse acionar a embaixada brasileira ou familiares.
Transtorno
Araújo diz que acionou o Itamaraty para denunciar o episódio. “Já entramos em contato com a agência (de turismo) para verificar a situação, mas ainda não deram retorno. Vamos depender também da resposta do Itamaraty. Mas já disseram que é muito difícil dar em alguma coisa e que o que poderia ser feito é recebermos um pedido de desculpas e entrar em contato para rever este tipo de tratamento, mas isso não adianta da nada. Eu queria é que investigassem o motivo de a gente ter sido barrado e, dependendo da resposta, aí sim tomarmos alguma providência”, reclamou. Ele também fez uma denúncia ao Ministério Público Federal (MPF).
A reportagem entrou em contato com o Itamaraty e a CVC, mas ainda não havia recebido retorno até o fechamento desta matéria.