Trump quer manter tropas americanas no Iraque para vigiar Irã
Presidente iraquiano afirmou que "não permitirá" que EUA usem tropas para observar país vizinho
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo 3 que pretende manter as tropas americanas no Iraque para poder “observar” o Irã, país que considera o “verdadeiro problema” no Oriente Médio.
“Quero ser capaz de observar o Irã. Tudo o que quero é olhar. Temos uma base militar incrível e cara construída no Iraque. Está perfeitamente situada para observar diferentes partes do problemático Oriente Médio, ao invés de retirá-la”, afirmou Trump, em entrevista à emissora de televisão CBS.
Atualmente, os Estados Unidos mantêm mais de 5.000 soldados no Iraque, que se encontram em dez bases militares.
“Se alguém estiver tentando fazer armas nucleares ou outras coisas, vamos saber antes que o façam”, assinalou.
Trump indicou que, assim que terminar a ofensiva contra o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) na Síria, planeja enviar parte dos soldados desdobrados no país ao Iraque. O governo americano já vem negociando com as autoridades iraquianas para transferir as tropas.
O objetivo da liderança militar dos Estados Unidos é manter a pressão sobre o Estado Islâmico enquanto reorganizam sua política na Síria e no Afeganistão.
Donald Trump anunciou no ano passado suas intenções de retirar completamente as tropas americanas dos dois países, apesar das críticas de outras nações, organizações internacionais e até de membros de seu próprio Congresso.
Resposta iraquiana
Diante das intenções de Trump, o presidente do Iraque, Barham Saleh, afirmou nesta segunda-feira, 4, que “não permitirá” que os Estados Unidos usem suas tropas desdobradas no país para vigiar o Irã.
“A presença das tropas americanas se insere em um contexto legal e em virtude de um acordo entre os dois países. Qualquer ato fora do acordo é inaceitável”, disse Saleh no Fórum RCD, em Bagdá, no qual participaram personalidades iraquianas.
O presidente ressaltou que a presença das tropas americanas se concentra na ofensiva contra o grupo terrorista Estado Islâmico e estas forças “não têm direito” de exercer outras funções, entre elas vigiar o Irã, e que o Iraque “não o permitirá”.
Saleh afirmou que vai pedir um esclarecimento a Washington sobre o número de soldados lotados no país e quais são suas missões.
A campanha militar contra os jihadistas terminou no Iraque em dezembro de 2017 e na Síria as tropas curdas e da coalizão internacional encurralaram o EI em localidades próximas ao rio Eufrates, perto da fronteira iraquiana.
O Iraque é um aliado próximo dos Estados Unidos, mas também tem boas relações com o Irã, país que financiou as milícias xiitas que participaram da ofensiva contra o EI.
(Com EFE e AFP)