Trump processa jornal por pesquisa eleitoral que colocava Kamala Harris à frente em Iowa
No processo, tornado publico nesta terça-feira, 17, equipe jurídica do republicano demandou 'responsabilização pela interferência eleitoral escancarada'

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, abriu um processo contra o jornal americano The Des Moines Register, sua empresa controladora, a Gannett, e a estatística J. Ann Selzer por uma pesquisa que colocava a democrata Kamala Harris à frente no estado de Iowa poucos dias antes das eleições dos EUA. No processo, tornado público nesta terça-feira, 17, a equipe jurídica do político demandou a “responsabilização pela interferência eleitoral escancarada” supostamente cometida pelo veículo.
A ação judicial alega que os acusados cometeram violações da Lei de Fraude ao Consumidor de Iowa, que proíbe o engano na publicidade. Segundo os advogados trumpistas, a pesquisa de Selzer procurava impulsionar artificialmente a campanha de Kamala às vésperas do pleito, realizado em 5 de novembro. Na sondagem, a candidata democrata liderava com 47%, contra 44% do republicano, no estado conservador — um cenário que não se concretizou, uma vez que Trump arrematou 56% dos votos em Iowa, 13 pontos percentuais à frente de Harris.
“Os réus e seus companheiros no Partido Democrata esperavam que a Pesquisa Harris criasse uma falsa narrativa de inevitabilidade para Harris na semana final da Eleição Presidencial de 2024″, alega a acusação. “Em vez disso, a Eleição de 5 de novembro foi uma vitória monumental para o Presidente Trump tanto no Colégio Eleitoral quanto no Voto Popular, um mandato esmagador para seus princípios America First e a consignação da agenda socialista radical à lata de lixo da história.”
Antes considerada uma proeminente estatística, Selzer anunciou aposentadoria após as eleições. Os advogados acusam a pesquisadora de uma ação fraudulenta “intencional”, sem apresentar provas. Em contrapartida, o jornal e Selzer “reconheceram” que a pesquisa “não refletiu a margem final” ao divulgarem “os dados demográficos completos da pesquisa, tabulações cruzadas, dados ponderados e não ponderados, bem como uma explicação técnica da pesquisadora”.
+ Trump é considerado mais eficaz que Biden, mas menos confiável, diz pesquisa
Cerco contra imprensa
O Des Moines Register, no entanto, destacou que manterá no ar “a reportagem sobre o assunto” e que acredita que “este processo não tem mérito”.
O cerco judicial faz parte de um modus operandi de Trump contra a imprensa, com processos recorrentes de difamação. A divulgação da nova contenda do republicano ocorre após vencer um caso contra a emissora americana ABC News, obrigada a pagar uma indenização de US$ 16 milhões por uma fala do âncora George Stephanopoulos.
O apresentador afirmou que o empresário foi considerado culpado pelo estupro da escritora E. Jean Carroll na década de 1990. Ele, contudo, foi envolvido em um caso de abuso sexual, uma diferença terminológica que está presente na lei do estado de Nova York, onde ocorreu o julgamento. Em nota, a ABC afirmou que “lamenta os comentários feitos em relação ao presidente Donald J. Trump”.