Trump pausa tarifas por 90 dias, mas eleva para 125% taxas sobre a China
Medidas tem objetivo de fazer com que Pequim sente-se à mesa de negociações, segundo republicano

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira 9 que irá elevar para 125% as tarifas sobre produtos da China, respondendo à represália de Pequim às medidas protecionistas americanas. Ao mesmo tempo, o republicano disse que irá aplicar uma pausa de 90 dias em novas tarifas na guerra comercial, com exceção da China, e os impostos serão reduzidos a 10% para todos.
Em publicação nas redes sociais, Trump afirmou ter “autorizado uma pausa de 90 dias e uma Tarifa Recíproca substancialmente reduzida durante esse período, de 10%, também com efeito imediato”. Não é imediatamente claro se a pausa se aplicará a todos os países.
Na mesma mensagem, Trump afirmou que o objetivo é fazer com que Pequim sente-se à mesa de negociações.
“Com base na falta de respeito que a China demonstrou aos mercados mundiais, estou, por meio desta, aumentando a tarifa cobrada da China pelos Estados Unidos da América para 125%, com efeito imediato. Em algum momento, esperançosamente em um futuro próximo, a China perceberá que os dias de exploração dos EUA e de outros países não são mais sustentáveis ou aceitáveis”, escreveu o presidente dos EUA.
Resposta de Pequim
Mais cedo, nesta quarta-feira, o Ministério das Finanças da China anunciou que tarifas adicionais de 84% sobre produtos importados dos Estados Unidos entram em vigor na próxima quinta-feira. A decisão segue a implementação de tarifas americanas similares sobre produtos chineses.
Nesta quarta-feira, já havia entrado em vigor tarifas de 104% de Whashington sobre Pequim, como anunciado na véspera pela secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, seguindo as ameaças do presidente Donald Trump de pressionar com mais 50% caso a China não voltasse atrás em medidas retaliatórias, o que não aconteceu. Os novos 50% de tarifas se somariam aos 20%, implementados em março, e os 34% anunciados na semana passada, chegando ao total de 104% — agora elevados a 125%.
+ Novas tarifas de Trump entram em vigor e taxa para a China sobe a 104%
O tarifaço de Trump, que tem provocado quedas generalizadas nas bolsas globais, segue impactando os mercados nesta quarta. A Bolsa de Tóquio registra baixa de mais de 3%, e os mercados europeus abriram o dia em queda, com recuos de mais de 2% nos índices das principais bolsas do Reino Unido, Alemanha, França e Holanda. Os mercados da China, por sua vez, operam com estabilidade.
A China prometeu “lutar até o fim” e acusa os Estados Unidos de praticarem unilateralismo, protecionismo e intimidação econômica com a imposição de tarifas adicionais sobre produtos chineses. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, afirmou que a postura americana de colocar seus próprios interesses acima das regras internacionais prejudica a estabilidade da produção global e da cadeia de suprimentos, além de comprometer a recuperação econômica mundial.
Em resposta, o Ministério das Finanças chinês comunicou que passaria a cobrar tarifas adicionais sobre todas as mercadorias americanas a partir da próxima quinta-feira, 10 de abril. A pasta do Comércio também anunciou uma série de novas restrições sobre exportações chinesas aos Estados Unidos de metais críticos encontrados em terras-raras, incluindo samário, gadolínio, térbio, disprósio, lutécio, escândio e ítrio, com efeito imediato.
Além disso, Pequim adicionou onze empresas americanas à lista de “entidades não confiáveis”, abrindo caminho para que tome medidas punitivas, como a restrição de negócios com companhias chinesas.
No fim de semana, autoridades chinesas se reuniram com representantes de cerca de 20 empresas dos EUA, incluindo Tesla e GE Healthcare. Durante o encontro, o vice-ministro do Comércio, Ling Ji, declarou que “a raiz do problema das tarifas está nos Estados Unidos”.
“Esperamos que as empresas americanas ajam com responsabilidade e contribuam para a estabilidade da cadeia de suprimentos global”, acrescentou.
Não está claro se o presidente Xi Jinping se reunirá com Trump para discutir uma solução. Questionado sobre essa possibilidade, Lin disse que o tema deve ser tratado por outros departamentos. “Pressões e ameaças não são o caminho certo para lidar com a China. Defenderemos firmemente nossos direitos e interesses legítimos”, afirmou.