Trump diz que mensagem em jaqueta de Melania era para a imprensa
Primeira-dama portava uma blusa com os dizeres “eu não me importo” durante sua viagem a abrigos no Texas para menores imigrantes separados dos pais
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tentou justificar a mensagem estampada na jaqueta usada ontem (21) por sua mulher, Melania, no embarque e desembarque de sua viagem ao Texas para inspecionar as condições de assistência às crianças imigrantes separadas de suas famílias. Ao tratar da polêmica gerada pelo casaco, nesta quinta-feira 21, Trump disse tratar-se de um recado para a imprensa.
A primeira-dama viajou para a fronteira com México vestindo um casaco com os dizeres: “Eu realmente não me importo. E você?”. A imagem soou infeliz, visto que ela estava em uma missão humanitária de visita às crianças destinadas a abrigos desde a adoção, por seu marido, da política de tolerância zero à imigração.
Pelo Twitter, Trump alegou que a mensagem se referia a notícias falsas publicadas pelos meios de comunicação contrários a seu governo, aos quais genericamente se refere como “fake news” (notícias falsas). “Melania aprendeu quão desonestos eles são, e ela realmente não se importa mais!”, escreveu o presidente americano.
Melania vestia a peça no embarque e desembarque, mas não enquanto esteve na cidade de McAllen, no Texas, onde visitou um centro de detenção temporária para menores imigrantes e outras instalações gerenciadas pela Polícia de Fronteira. Segundo o jornal Daily Mail, o casaco é da marca Zara e custa 39 dólares, embora não conste no site da empresa nos Estados Unidos.
A porta-voz da primeira-dama, Stephanie Grisham, tentou explicar a escolha da vestimenta. “É um casaco. Não tinha mensagem oculta. Depois da importante visita ao Texas de hoje, espero que a imprensa não escolha se concentrar no seu vestiário”, afirmou.
Melania tornou-se a primeira colaboradora próxima a Trump a opor-se à política de separação das famílias de imigrantes ilegais capturados na fronteira por forças policiais. Também é a primeira pessoa da família do presidente dos Estados Unidos a testemunhar as condições de vida desses presos.
Protestos na Casa Branca
Enquanto a primeira-dama voltava de sua visita ao Texas, mais de 100 pessoas protestavam em frente à Casa Branca contra a política de separação das famílias que cruzam a fronteira como imigrantes ilegais. Trump reverteu a medida por meio de decreto. Mas, na prática, as diferentes áreas do governo enfrentam dificuldades para reunir os membros de famílias separadas em um mesmo local.
Com cartazes, fotografias das crianças separadas e entoando palavras de ordem, os manifestantes chegaram tão perto da residência presidencial quanto foi permitido pelo Serviço Secreto dos Estados Unidos, responsável pela segurança da Casa Branca e da família do presidente.
Os organizadores mantiveram o protesto apesar de Trump ter voltado atrás com a política de tolerância zero que impôs há dois meses e que resultou na separação de 2.342 meninos e meninas de seus pais na fronteira.
“O fato de este governo ter retificado e permitido que as famílias sigam unidas é uma boa notícia, mas queremos que fiquem em liberdade. Não queremos que este governo as mantenha em centros de detenção nem que as envie a bases militares”, disse a manifestante Donna Brown.
Após aceitar que pais e filhos fiquem juntos, o governo procura agora lugares para mantê-los sob detenção de maneira temporária. O Pentágono estuda a possibilidade de receber cerca de 20.000 menores desacompanhados e famílias em quatro das suas bases militares no sul do país.
“Quando parece que Trump não pode se sair pior, sempre se supera. Separar famílias é simplesmente horrível e cruel”, declarou Renata Ochoa, para quem o reagrupamento das crianças já separadas “nem sequer deveria ser debatido”.
(Com EFE)