Trump diz que discutirá acordo para fim da guerra na Ucrânia com Putin e Zelensky
Em coletiva na Flórida, presidente eleito dos EUA defendeu que destruição 'tem que parar', mas evitou abordar concessão de território ucraniano ao Kremlin

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira, 16, que discutirá com os presidentes da Ucrânia e da Rússia, Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin, respectivamente, um potencial acordo para o fim da guerra, iniciada em fevereiro de 2022. Em coletiva em Mar-a-Lago, na Flórida, o republicano expressou preocupação com as imagens de violência no conflito e defendeu que “isso tem que parar”.
“Quero dizer, há cidades em que não há um prédio de pé, é um canteiro de obras em demolição”, afirmou ele sobre o panorama de destruição na Ucrânia, acrescentando que as imagens de corpos estirados no chão o lembravam de fotografias da Guerra Civil Americana (1861-1865).
Embora tenha apelado por um acordo, Trump não respondeu quando foi questionado se a Ucrânia deveria ceder parte de seu território à Rússia como forma de negociação para encerrar a guerra. Em 2022, Moscou anexou quatro regiões ucranianas ao seu mapa: Kherson, Zaporizhzhia, Donetsk e Luhansk, e embora não controle nenhuma delas completamente, ocupa cerca de 20% do país vizinho. A ação foi condenada por grande parte da comunidade internacional e rejeitada por Kiev, que nega qualquer proposta de concessão.
Em entrevista à revista americana Time, o presidente eleito adotou um tom crítico às decisões do atual chefe da Casa Branca, Joe Biden, e disse que discorda “veementemente de lançar mísseis (americanos) centenas de quilômetros Rússia adentro”, em referência à permissão do uso de equipamentos bélicos doados a Kiev diretamente contra o território russo. Segundo o republicano, isso está “intensificando esta guerra e tornando-a pior”.
Ele, contudo, destacou que não deixará a Ucrânia de lado. “Quero chegar a um acordo, e a única maneira de chegar a um acordo é não abandonando (os ucranianos)“, disse à Time.
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Planos de Trump
Ainda em campanha, o político de 78 anos assumiu um tom crítico sobre os fundos americanos direcionados à resistência da Ucrânia à invasão russa. Ainda neste ano, o Congresso americano aprovou um pacote de US$ 95,34 bilhões (cerca de R$ 470 bilhões na cotação da época) que prevê ajuda para Israel, Ucrânia e Taiwan, mas apenas depois de meses de discussão e concessões do governo atual ligadas ao combate à imigração ilegal na fronteira com o México.
Trump prometeu colocar um ponto final na guerra “dentro de 24 horas” ao retomar o comando dos EUA, por meio de um acordo. Os democratas, grandes aliados de Kiev, dizem que a falta de apoio às demandas ucranianas para o fim do conflito beneficia os planos do presidente russo, Vladimir Putin. Com objetivo de afastar os Estados Unidos de problemas da política externa, o republicano indica que vai assumir e intensificar a mesma postura isolacionista e protecionista do primeiro mandato.