Trump alegou saber segredos da vida sexual de Macron, indicam documentos
Inventário do que foi apreendido em Mar-a-Lago continha arquivo intitulado 'Presidente da França' e causou ‘surto transatlântico’ entre Paris e Washington
O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se gabou para associados próximos de que possuía “inteligência” sobre a vida sexual do líder francês, Emmanuel Macron, segundo foi reportado pela revista Rolling Stone nesta quarta-feira, 31.
A reportagem foi publicada após a divulgação de documentos judiciais sobre os arquivos secretos encontrados em uma ação do FBI na casa de Trump em Mar-a-Lago em 8 de agosto, que mencionam um ficheiro denominado “info re: Presidente da França”.
O Departamento de Justiça não deixou claro se o arquivo sobre Macron era confidencial, ou que tipos de informações continha. Mas, segundo a Rolling Stone, a menção do francês no inventário oficial do que foi apreendido em Mar-a-Lago causou um “surto transatlântico” entre Paris e Washington.
Um porta-voz da embaixada francesa disse: “Não comentamos procedimentos legais nos Estados Unidos e a embaixada não pediu ao governo nenhuma informação sobre os documentos recuperados na residência do ex-presidente Trump”.
Nem o Departamento de Estado nem o gabinete de Trump comentaram as revelações.
A reportagem da Rolling Stone disse que, durante e depois de sua presidência, Trump afirmou a alguns de seus associados mais próximos que conhecia detalhes da vida privada de Macron, que ele havia obtido por meio de “inteligência” que viu em primeira mão, ou sobre a qual foi informado.
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Quando chegou ao poder, Macron inicialmente tentou cortejar Trump, convidando-o para o desfile militar do Dia da Bastilha em 2017, apenas dois meses depois de ser eleito. O convite, por sua vez, inspirou o próprio presidente americano a encenar um show de semelhante pompa militar em Washington.
Só que as relações entre os dois líderes logo azedaram, principalmente após o fracasso de Macron em persuadir Trump a permanecer no acordo nuclear com o Irã. Os Estados Unidos deixaram o acordo em 2018, que se dissolveu desde então.
Macron e Trump também se desentenderam devido à ordem abrupta do americano para retirar seus soldados do norte da Síria – deixando os aliados curdos, franceses e britânicos – e sua desconfiança da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Em dezembro de 2019, Trump chamou Macron de “um pé no saco” ao se dirigir a um grupo de embaixadores nas Nações Unidas.