Tentativa de golpe termina com prisão de militares no Gabão
Rebeldes diziam querer 'restaurar a democracia' no país africano, liderado pela mesma família há 50 anos. Segundo governo, situação está sob controle
Soldados do Gabão foram responsáveis por uma tentativa frustrada de golpe de Estado na madrugada desta segunda-feira, 7. Depois de tomar o controle da estação de rádio nacional, os militares anunciaram a criação de um “conselho de restauração” da democracia contra a família Bongo, que já controla o país há cinquenta anos.
Algumas horas depois, o ministro do Interior, Guy-Bertrand Mapangou, anunciou a agências internacionais que quatro dos cinco mentores do golpe já haviam sido presos e a situação, controlada.
Em um vídeo circulando nas redes sociais, três jovens podem ser vistos dentro do estúdio da rádio usando uniformes militares e carregando armas. Os insurgentes convocaram as Forças Armadas para tomar o controle do transporte público, munição e aeroportos “pelo bem dos interesses da nação.”
Cerca de 300 pessoas se reuniram em frente a emissora em apoio ao golpe, mas forças do governo usaram gás de pimenta para dispersar a aglomeração.
O Gabão é o quarto país mais rico do continente africano, conhecido por suas grandes reservas de petróleo e também pela desigualdade social. O Estado é governado por Ali Bongo, que desde outubro exerce suas funções à distância, depois de sofrer um derrame e buscar tratamento no Marrocos. Em seu comunicado na rádio, os militares criticaram o presidente.
Segundo o Tenente Kelly Ondo Obiang, líder do movimento responsável pela rebelião, em seu primeiro pronunciamento desde o afastamento, feito no Ano Novo, Bongo “reforçou as dúvidas sobre sua habilidade para cumprir com as responsabilidades do cargo”.
“Mais uma vez, os detentores do poder continuam a instrumentalizar a pessoa Ali Bongo Ondimba, um paciente desprovido de muitas de suas faculdades físicas e mentais”, completou Ondo Obiang.
O atual presidente sucedeu a seu pai, Omar, que estava no poder desde 1967, em 2009. Sua reeleição em 2016 teve uma margem apertada de votos, sob acusações de fraude e uso de violência.
Segundo a BBC, a tentativa de golpe pegou o governo de surpresa, já que o Exército sempre foi visto como aliado da família Bongo, com a maior parte de seu contingente vindo da mesma região que o governante.