Tensão mundial: Rússia realiza testes militares na fronteira da Ucrânia
Embora tenha afirmado que não irá atacar o país na última quarta-feira, Vladimir Putin acompanhou os exercícios com mísseis nucleares e navios de guerra
Em meio a um clima de apreensão mundial, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, acompanhou neste sábado, 19, o início de exercícios nucleares estratégicos que envolveram o lançamento de mísseis balísticos. De acordo com a agência RIA Novosti, uma das principais do país, o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, aliado próximo de Putin, acompanhou os testes militares junto do mandatário russo de um centro de situação no Kremlin. Embora a Rússia negue que esteja planejando atacar a Ucrânia, como foi enfatizado no pronunciamento de Putin na última quarta-feira, 15, a instabilidade gerada pelas ações na fronteira com o país é grande. A tensão se acirrou ontem, quando o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou estar convencido de que o presidente Russo já tomou a decisão de invadir a Ucrânia.
Os exercícios militares, que devem se estender pelo domingo, são uma clara demonstração de força de Moscou em um momento crítico. Neste sábado, além do lançamento de mísseis hipersônicos Kinzhal, o Kremlin confirmou que os testes incluíram o lançamento por navios de guerra de mísseis e armas hipersônicas Tsirkon em alvos marítimos e terrestres. De acordo com o Ministério da Defesa russo, os exercícios testarão a prontidão do comando e controle militar, equipes de combate, navios de guerra e portadores de mísseis estratégicos, assim como a confiabilidade de armas nucleares e não nucleares estratégicas daquele país.
Os exercícios nucleares acompanhados por Putin contaram com um enorme aparato. Envolveram a participação das Forças Aeroespaciais da Rússia, do Distrito Militar do Sul, das Forças de Mísseis Estratégicos, e das frotas do Norte e do Mar Negro. Os testes de hoje se unem a uma série de manobras das forças armadas realizadas nos últimos quatro meses, que incluíram um aumento de tropas – estimadas pelo Ocidente em 150.000 ou mais – em pontos estratégicos no entorno da Ucrânia. Mesmo negando que vá invadir o país, Putin e altos funcionários do Kremlin destacam frequentemente o fato de que a Rússia, como os Estados Unidos, é uma das maiores potências nucleares do planeta.
Algumas das armas usadas nos testes já tinham sido exibidas ao mundo antes e há informações que duas delas foram projetadas para evitar defesas antimísseis dos Estados Unidos. O Kremlin informou que os atuais exercícios mostram a “tríade” da Rússia, com arsenal de solo, ar e mar. Vídeos divulgados pelo governo russo exibem um um caça lançando um míssil de cruzeiro do ar, um veículo disparando um míssil balístico intercontinental, além de um míssil hipersônico lançado pelo mar.
Nesta sexta, 18, Putin comentou os exercícios militares realizados em conjunto com os militares de Belarus e disse que os testes são “puramente defensivos e não ameaçam ninguém”. Durante uma coletiva de imprensa, ao lado do presidente de Belarus, Alexander Lukaskenko, em Moscou, Putin argumentou que os ministérios de defesa dos dois países anunciaram os exercícios “com muito adiantamento”. “Discutimos em detalhes nossa defesa espacial comum, entre a Rússia e Belarus. Continuaremos a caminhar para a defesa comum, considerando a presença da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) nas fronteiras do nosso Estado de União”, disse Putin, logo após o encontro dos líderes.