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Everest: temporada de escaladas registra 11ª morte

Turista americano foi mais uma vítima da "zona da morte" na montanha mais alta do mundo; superlotação da região é apontada como uma das causas do fenômeno

Por Da Redação
Atualizado em 28 Maio 2019, 15h42 - Publicado em 28 Maio 2019, 13h42

Um alpinista americano morreu durante a descida do Everest, elevando para onze o número de mortos na atual temporada de escaladas na maior montanha do mundo. Segundo as autoridades do Nepal, Christopher John Kulish, de 61 anos, alcançou o topo da montanha de 8.848 metros e retornou na segunda-feira 27 ao acampamento de base mais alto do Everest.

“Ao voltar, ele teve um problema cardíaco e morreu, de acordo com os organizadores da expedição”, afirmou Mira Acharya, funcionário do Departamento de Turismo do Nepal.

A atual temporada, uma das mais letais desde 2015, quebrou o recorde de alpinistas na região, registrado em 2018. Até agora, 381 amadores já realizaram a escalada, obrigatoriamente acompanhados por pelo menos um auxiliar, elevando a 750 o número de pessoas na montanha.

Além das onze pessoas mortas no Everest, nove expedicionários morreram em outras montanhas com mais de 8.000 metros de altura na região do Himalaia.

Nas últimas duas décadas, em média, seis pessoas morreram em cada temporada de subida no Everest. Apesar de a superlotação ser culpabilizada pelo aumento no número de vítimas, outros fatores também contribuem para o fenômeno letal, segundo especialistas.

Para eles, o número reduzido de “janelas” meteorológicas adequadas para chegar ao topo, agravadas neste ano pela passagem do ciclone Fani na região, cooperou para o engarrafamento na chamada “zona da morte”. Desta maneira, a maioria dos grupos iniciou sua expedição ao topo nos mesmos dias, em uma zona de ar rarefeito, dificultando as funções vitais do corpo.

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As equipes responsáveis por acompanhar os alpinistas amadores também teriam falhado na gestão dos clientes, que investem pelo menos 11.000 dólares na jornada, de acordo com os últimos dados disponíveis. Apenas no dia 23, 250 pessoas saíram de uma vez só do mesmo ponto da montanha. Algumas delas tiveram de esperar horas em áreas de baixa pressão atmosférica. 

Muitos desses montanhistas estavam exaustos e com os cilindros de oxigênio vazios. Os profissionais destacados para acompanhar os grupos de aventureiros deveriam, segundo as regras de segurança, ficar com o grupo até que eles alcançassem o cume do Everest. Na prática, dos 59 guias destacados para as equipes que já chegaram ao topo, apenas cinco foram até o fim da escalada.

Inexperiência

Além disso, alpinistas muito inexperientes estariam compondo cada vez mais os times que sobem o Everest. Por vezes, grandes grupos com pouca vivência em escaladas são acompanhados por apenas um sherpa, a etnia tibetana responsável por auxiliar as expedições no Himalaia.

“Esta nova geração de alpinistas, tentando se gabar da aventura, não entende a diferença entre subir o Everest e o Monte Makalu (o quinto ponto mais alto do mundo)”, disse à BBC Alan Arnette, um experiente montanhista e escritor de livros de instrução sobre o assunto.

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“Eles se juntam com times aleatórios de pessoas e dividem seu conhecimento teórico antes de tentar a escala independente, sem entender o significado de ‘independente’ e sem experiência para avaliar os riscos”, conclui.

Alpinistas profissionais já sugeriam ao governo do Nepal a imposição de alguns critérios para os interessados na aventura, como um certo nível de experiência obrigatória, em picos de mais de 6.000 metros de altura.

Em sua conta no Instagram, um dos alpinistas a chegar ao topo do monte, Elia Saikaly, relatou ter visto uma “carnificina” no fim de sua jornada e prometeu fazer um documentário sobre sua experiência. Ele afirmou que as “manchetes sensacionalistas” desta vez estavam certas sobre as cenas de horror causadas por esta combinação de fatores.

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Zona da morte

As mais recentes ocorrências no Everest haviam sido registradas no último dia 25, quando um alpinista britânico e outro irlandês morreram, elevando a dez o número de vítimas na maior montanha do planeta.

“Um alpinista britânico chegou ao pico da montanha, mas desmaiou e morreu 150 metros abaixo”, afirmou Murari Sharma, da Expedição Everest Parivar. A vítima era Robin Fisher, de 44 anos.

“Nossos guias tentaram ajudá-lo, mas ele morreu pouco depois do desmaio”, declarou Sharma. Outro organizador de escaladas confirmou no Facebook a morte de um irlandês de 56 anos no flanco tibetano da montanha. Ele havia decidido voltar a seu acampamento antes de alcançar o pico, mas morreu na tenda de campanha no North Col, uma passagem da montanha a 7.000 metros de altitude.

Nesta semana também morreram um alpinista americano, um austríaco, um nepalês e quatro indianos. Um irlandês está desaparecido e foi dado como morto depois de ter caído perto do cume da montanha. Ao menos quatro dessas mortes foram atribuídas aos engarrafamentos na chamada “zona da morte”, acima dos 8.000 metros.

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O período entre o fim de abril e o mês de maio é considerado mais adequado para a escalada do monte, pois as condições meteorológicas são menos extremas. Fotos divulgadas nos últimos dias mostram uma longa fila de montanhistas, muito próximos uns dos outros, arrastando suas botas de escalada na área entre o cume e o desfiladeiro sul, onde fica o último acampamento na encosta do Nepal.

“Permanecer muito tempo na zona da morte aumenta os riscos de congelamento, de sofrer o mal da altitude, ou mesmo de morte”, explica Ang Tsering Sherpa, ex-presidente da Associação de Alpinistas do Nepal.

No ano passado, foram registradas cinco mortes na temporada de escalada do Everest. Desde que as autoridades nepalesas liberaram a escalada no Monte Everest nos anos 1990, as expedições comerciais aumentaram, assim como o número de alpinistas.

(Com AFP)

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