Talibã permitirá saída de estrangeiros e afegãos após prazo, dizem EUA
De acordo com secretário de Estado dos EUA, ao menos 4.500 americanos, dos 6.000 que queriam deixar o país, já foram retirados
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou nesta quarta-feira, 25, que o Talibã se comprometeu a permitir que estrangeiros e afegãos deixem o Afeganistão depois de 31 de agosto, quando termina o prazo da operação controlada pelos Estados Unidos para retirada de americanos e aliados.
Em fala à imprensa em Washington, o chefe da diplomacia americana afirmou que “os talibãs assumiram compromissos públicos e privados para proporcionar e permitir uma passagem segura aos americanos, aos cidadãos de países terceiros e aos afegãos em risco a partir de 31 de agosto”.
De acordo com o secretário, ao menos 4.500 americanos, dos 6.000 que queriam deixar o país, já foram retirados. Dos 1.500 restantes, cerca de 500 já estão em “contato direto” com autoridades para agilizar o processo.
Ao todo, até a manhã de domingo 22, o número de pessoas que tentavam embarcar para o exterior era de 18.500, mas a quantidade aumentou após decisão que permitiu a emissão de vistos eletrônicos para requerentes de Visto de Imigrante Especial (SIV), sem nomes ou números de documentos. A facilitação fez com que vistos fossem copiados como capturas de tela e enviados por afegãos a milhares de outros conhecidos que não tinham acesso ao aeroporto, disse uma fonte à CNN Internacional.
“Estamos em contato direto com eles várias vezes ao dia através de diversos canais de comunicação (…) para determinar se ainda querem partir”, disse Blinken, que acrescentou que Washington e aliados agora têm “uma responsabilidade de fazer com que o Talibã cumpra este compromisso”.
Na terça-feira, o presidente americano, Joe Biden, havia afirmado aos líderes do G7 que os EUA estavam “em vias” de concluir sua retirada militar dentro do prazo planejado, rejeitando uma extensão.
O prazo também seria uma condição irredutível exigida pelo Talibã, em meio às cenas de caos e desespero dentro do aeroporto, cuja segurança é feita por cerca de 6.000 militares americanos. Na terça-feira, o porta-voz do Talibã havia instado países estrangeiros a pararem de “encorajar” a população a fugir do Afeganistão, dizendo que o grupo fundamentalista “não é a favor” da migração em massa.
Segundo Zabihullah Mujahid, os Estados Unidos estão levando os “especialistas afegãos” e profissionais qualificados.
Desde que os talibãs tomaram Cabul e assumiram o controle do governo central há pouco mais de uma semana, mais de 82.000 afegãos e estrangeiros fugiram do país por meio do aeroporto de Cabul. Diversas nações se organizaram para tirar seus cidadãos do país em voos militares.
Nas redondezas do aeroporto de Cabul, o cenário é de uma espécie de acampamento, com milhares de pessoas continuam se reunindo no perímetro da base. Uma das cenas que mais retratam a angústia dessas famílias foi a de um bebê sendo içado por cima de um arame farpado para que ele pudesse embarcar em um fuzileiro naval dos Estados Unidos na semana passada.
Após conquistar uma série de capitais provinciais na última semana, os fundamentalistas sitiaram Cabul no domingo 14, movimento que fez com que o presidente Ashraf Ghani partisse para o Uzbequistão com sua esposa e dois assessores próximos. Poucas horas depois, o grupo entrou no Palácio Presidencial e fez um pronunciamento à imprensa afirmando que tem o total controle sobre o país.