Tailândia inicia funeral do rei Adulyadej, um ano após sua morte
Mais de 12,7 milhões de pessoas visitaram os restos mortais do monarca durante o tempo em que permaneceram expostos no Grande Palácio Real
Milhares de tailandeses acamparam nesta terça-feira perto do Grande Palácio Real de Bangcoc, na Tailândia, para assistir ao funeral entre amanhã e domingo do monarca Bhumibol Adulyadej, que morreu no dia 13 de outubro do ano passado, aos 88 anos.
Com esteiras no chão e guarda-chuvas para se proteger do mau tempo, os acampados se vestem de preto e levam fotografias do rei, que será cremado na quinta-feira. Algumas pessoas chegaram na noite de ontem e esperam permanecer até domingo, quando o funeral terminará com o depósito das cinzas do soberano nos templos Rajabodpidh e Bovoranives.
A cremação acontecerá em uma cerimônia budista na praça Sanam Luang, com a presença de monarcas de vários países. O governo construiu no local um monumento com uma torre de mais de 50 metros de altura.
Estima-se que entre 250 .000 e 300.000 pessoas compareçam aos rituais funerários em torno da praça, situada ao lado do Grande Palácio Real, sob estrita segurança, garantida por cerca de 58.000 policiais.
As autoridades tailandesas calcularam em mais de 12,7 milhões – um quarto da população – o número de súditos que visitaram os restos mortais do rei durante o tempo em que permaneceram expostos no Grande Palácio Real após a sua morte. Ao todo, o Palácio recebeu mais de 880 milhões de bats (76 milhões de reais) em doações de pessoas que querem melhorar o seu carma.
O monarca morreu em um hospital de Bangcoc onde ficou internado de maneira quase ininterrupta durante mais de um ano, após sete décadas de reinado, o que tornou Bhumibol o mais longevo do seu país e o decano de chefes de Estado do mundo.
Monumento
A grande estrutura erguida para o funeral em Sanam Luang evoca o budismo e o hinduísmo e levou mais de dez meses para ser erguida. A torre mais alta representa o monte Meru, “morada” do deus Indra e é decorada com divindades e animais mitológicos, como a Garuda – o pássaro usado como veículo pelo deus Vishnu -, as serpentes nagas e criaturas metade ave, metade homem.
“O desenho do monumento funerário real foi feito a partir da imagem do sagrado monte Meru, que estará no centro da estrutura com os outros oito picos representando diferentes níveis do universo. A construção reflete a crença do “Tri Bhumi” (“Os três mundos”). Na Tailândia, esse tipo de monumento é elaborado para os reis, com base na tradição, desde o reino de Ayutthaya, que existiu entre os séculos XIV e XVIII”, disse o diretor do Departamento de Literatura e História do Ministério de Cultura, Boonteun Srivorapot, à agência EFE.
Cerimônia
No dia 26, os restos mortais de Bhumibol Adulyadej serão levados em um carro dourado para Sanam Luang em uma enorme procissão na qual participarão milhares de guardas reais, religiosos indianos e monges budistas e cremados à noite.
Segundo Boonteun Srivorapot, tradicionalmente o rei tailandês é considerado a reencarnação de onze divindades do hinduísmo. Com isso, atribui-se ao monarca um caráter sagrado, cujo destino, após o falecimento, é renascer em um reino celestial, antes de voltar ao mundo terreno como Buda.
Para a maioria dos tailandeses, Bhumibol Adulyadej era, até o ano passado, o único monarca conhecido e um ser quase divino, símbolo de união e guia do país.
A cremação também permitirá o início da coroação oficial do seu filho Maha Vajiralongkorn, que subiu ao trono em dezembro do ano passado. O príncipe herdeiro, de 65 anos, não tem o mesmo prestígio do pai, mas nos últimos meses mostrou a sua influência assumindo um maior controle do patrimônio da coroa, calculado em 35 bilhões de dólares (110 bilhões de reais), e de várias agências relacionadas a segurança.
(com EFE)