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Substância desconhecida deixa um casal em estado crítico na Inglaterra

Caso lembra o envenenamento do ex-espião russo e sua filha, há 4 meses, que provocou séria crise diplomática entre Reino Unido e Rússia

Por redação
Atualizado em 4 jul 2018, 13h50 - Publicado em 4 jul 2018, 10h05

Duas pessoas foram internadas em estado crítico no hospital de Salisbury, na Inglaterra, após serem expostas a uma “substância desconhecida” em Amesbury, a poucos quilômetros de onde o ex-espião russo Serguei Skripal teria sido vítima de uma tentativa de envenenamento.

O comitê de emergência britânico (Cobra), formado pelos principais ministros e por representantes das forças de segurança do Reino Unido, reuniu-se nesta quarta-feira para tratar o caso. Uma unidade antiterrorista britânica trabalha junto com a polícia de do Condado de Wiltshire na investigação.

“Este é um incidente que, compreensivelmente, é tratado com a máxima seriedade. Os ministros e a primeira-ministra (Theresa May) foram informados” da situação, disse um porta-voz do governo.

O caso foi qualificado pela polícia como “incidente grave” e guarda grandes semelhanças com o do ex-espião russo Sergei Skripal, de 67 anos, e sua filha Yulia, de 33, ambos envenenados em março com um agente químico na cidade inglesa de Salisbury.

Os dois pacientes “estão sendo tratados por suposta exposição a substância desconhecida no hospital de Salisbury”, informou hoje a polícia do condado de Wiltshire, que qualificou o fato de “incidente importante”. Ambos estão no Hospital do Distrito de Salisbury, que tratou Skripal e sua filha até que os dois recebessem alta.

As duas pessoas, um homem e uma mulhe,r ambos com cerca de 40 anos, foram encontrados inconscientes no último sábado (30), em uma casa da cidade de Amesbury, a alguns quilômetros de Salisbury, a mesma cidade onde Skripal e sua filha Yulia foram vítimas de uma tentativa de envenenamento em 4 de março passado, segundo o governo britânico.

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Os dois pacientes “se encontram em estado crítico”, afirmou a polícia.

Em um primeiro momento, as autoridades acreditaram que ambos haviam sido vítimas de uma overdose de heroína ou  crack. Mas depois de quatro dias, a polícia informou que estavam sendo realizados exames adicionais “para estabelecer a natureza da substância que afetou estes pacientes”.

Do mesmo modo, os Skripal foram encontrados inconscientes em um banco na rua, perto de um centro comercial, e os primeiros depoimentos mencionaram a possibilidade de que fossem viciados. “Estamos abertos no que diz respeito às circunstâncias do incidente”, indicou a polícia.

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Nenhum risco para a população

Vários cordões de segurança foram instalados para isolar os locais onde as vítimas podem ter passado. O contingente policial está reforçado em Amesbury e Salisbury. As autoridades fecharam ao público o parque Queen Elizabeth Gardens de Salisbury, de acordo com a rádio local Spire, e a polícia reforçou a presença diante da igreja batista de Amesbury, informou o jornal The Guardian, porque as autoridades acreditam que as vítimas compareceram a um culto antes de serem encontradas inconscientes.

A agência estatal Public Health England (PHE) avaliou que o caso “não representa um risco significativo de saúde para o público em geral”. Uma constatação que será, no entanto, “continuamente reavaliada, em função das informações obtidas”, afirmou um porta-voz do PHE, citado pela agência Press Association.

Robert Yuill, vereador do condado de Wiltshire, disse que “a reação é menos intensa” do que no atentado contra os Skripal. “Não se pode comparar”, afirmou.

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Natalie Smyth, 27 anos, moradora daquela zona de Amesbury, contou que no sábado viu “caminhões de bombeiros, ambulâncias, a rua fechada”, além de agentes com trajes de proteção contra ameaças bioquímicas. “Disseram que era um incidente químico e depois que tinha relação com drogas. É muito estranho, este é um lugar muito tranquilo”, disse.

No dia 4 de março, Serguei e Yulia Skripal foram encontrados inconscientes e levados para um hospital de Salisbury em estado crítico depois de beber uma cerveja em um pub e almoçar em um restaurante italiano. As autoridades concluíram que a dupla foi vítima de uma tentativa de assassinato com um agente químico. Os dois foram tratados durante semanas, recuperaram-se e receberam alta médica.

Londres acusou Moscou de estar por trás do caso Skripal, um ex-coronel do serviço secreto militar russo condenado por traição por repassar segredos para Londres e que se mudou para a Inglaterra após uma troca de espiões.

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O Kremlin negou qualquer envolvimento, mas o governo da primeira-ministra britânica, Theresa May, denunciou que o ataque foi cometido com um agente químico da variedade “novichok”, que é fabricado em laboratórios militares russos e havia apenas duas opções: que teria sido utilizado por Moscou ou que as autoridades russas teriam perdido o controle da substância.

O incidente provocou uma crise diplomática entre os dois países e uma onda de expulsões cruzadas de diplomatas por parte do Reino Unido e países aliados, de um lado, e da Rússia, do outro.

(Com AFP e EFE)

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