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Sobe para sete o número de mortos em protestos no Chile

Mais de 1.400 pessoas foram detidas pela polícia. Manifestações já são consideradas as mais violentas desde a redemocratização

Por Estadão Conteúdo
20 out 2019, 20h56

Confrontos entre a polícia do Chile e manifestantes voltaram a eclodir neste domingo, 20, em diversas regiões de Santiago, em meio ao processo de convulsão social que levou o governo de Sebastián Piñera a enviar militares às ruas. O número de mortos nas manifestações subiu para sete e, segundo as autoridades, 1.462 pessoas foram presas no país.

O governo decretou toque de recolher pelo segundo dia, adiantando o início da medida para 19h (18h em Brasília), em meio ao “estado de emergência” vigente em cinco regiões do país. Os protestos já são considerados os mais violentos desde o retorno da democracia após o fim da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

Neste domingo, um novo “panelaço” se transformou em enfrentamentos com forças especiais da polícia e militares, que repeliram os ataques com bombas de gás lacrimogêneo e jatos d’água.

O país amanheceu com praticamente todo o comércio fechado, voos cancelados no aeroporto e ruas vazias, após os protestos iniciados na sexta-feira, 18, em razão do aumento do preço da passagem do metrô. O centro de Santiago virou um cenário de destruição: semáforos no chão, ônibus queimados, lojas saqueadas e milhares de destroços nas ruas.

Apesar do toque de recolher e da mobilização de quase 10 mil militares nas ruas, distúrbios prosseguiram durante a madrugada em Santiago e outras cidades, como Valparaíso e Concepción, que também foram afetadas pela medida que restringe a movimentação.

Cinco pessoas morreram após um incêndio em uma fábrica de roupas na comuna de Renca, no norte de Santiago, que foi incendiada após ser saqueada em meio aos protestos, segundo fontes oficiais.

Também na capital do país, duas pessoas morreram em outro incêndio, desta vez em um supermercado, um dos muitos alvos de ataques dos manifestantes. Uma pessoa que foi encontrada ao lado dos corpos teve 75% do corpo queimado e está internada em estado grave.

O ministro do Interior e Segurança, Andrés Chadwick, informou que durante a madrugada duas pessoas foram feridas a tiros após um incidente com uma patrulha policial entre Puente Alto e La Pintana.

Destruição

Os manifestantes também atacaram ônibus e estações do metrô. De acordo com o governo, 78 estações foram atingidas e algumas ficaram completamente destruídas.

O prejuízo ao metrô de Santiago supera 300 milhões de dólares, e algumas estações e linhas demorarão meses para voltar a funcionar, afirmou o presidente da companhia estatal, Louis de Grange.

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Eixo do transporte público da capital chilena, com quase três milhões de passageiros por dia, o metrô sofreu uma “destruição brutal”, afirmou Grange.

Descontentamento social

Aos gritos de “basta de abusos” e com o lema que dominou as redes sociais “#ChileAcordou”, o país enfrenta críticas a um modelo econômico em que o acesso à saúde e à educação é praticamente privado, com elevada desigualdade social, valores de pensões reduzidos e alta do preço dos serviços básicos.

As manifestações não têm um líder definido ou uma lista precisa de demandas. Até o momento aparece como uma crítica generalizada ao sistema econômico neoliberal que, por trás do êxito aparente dos índices macroeconômicos, esconde um profundo descontentamento social.

O presidente Sebastián Piñera – que suspendeu no sábado o aumento do preço das passagens do metrô – se reuniu com os ministros para abordar a situação. Universidades e escolas suspenderam as aulas na segunda-feira, 21, e os estudantes convocaram um novo dia de protestos.

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