Sob fúria dos EUA, Rússia estende prisão de repórter americano até agosto
Correspondente do Wall Street Journal, Evan Gershkovich foi detido em março sob acusações de espionagem
Apesar dos apelos americanos, um tribunal de Moscou estendeu nesta terça-feira, 23, a prisão do jornalista americano Evan Gershkovich até 30 de agosto. O correspondente do The Wall Street Journal foi detido em março deste ano sob acusações de espionagem quando fazia uma reportagem na cidade de Yekaterinburg, na Rússia.
Em abril, a Justiça russa negou um recurso dos Estados Unidos contra a prisão preventiva do repórter. A recusa da fiança e ampliação da prisão, então, não foram recebidas com surpresa, mesmo o tribunal não tendo apresentado provas concretas do possível crime cometido pelo jornalista. Em resposta à decisão, os Estados Unidos condenaram as acusações e pediram a liberação imediata do americano.
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“Ele não deveria ser detido. Jornalismo não é crime. Ele precisa ser libertado imediatamente”, disse o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, à CNN. “Ainda vamos trabalhar muito, muito duro para ver se podemos levá-lo para casa com sua família, onde ele pertence”.
O FSB, serviço de segurança da Rússia, disse que Gershkovich, nascido em Nova York e filho de pais russos, “estava coletando informações protegidas sobre as atividades de uma das empresas do complexo industrial militar russo”. Ele era credenciado como jornalista pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
A ampliação do período de prisão do jornalista, a primeira de um americano sob acusação de espionagem desde a Guerra Fria, foi condenada também pelo The Wall Street Journal ao garantir que “as acusações são comprovadamente falsas”.
Antes de sua prisão, Gershkovich estava supostamente trabalhando em uma reportagem sobre o Grupo Wagner, a companhia militar privada dirigida pelo empresário Yevgeny Prigozhin, e apoiada pelo Estado russo, que realizou grande parte dos combates na Ucrânia.
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Uma saída para o caso seria a troca de prisioneiros, mas a corte russa recusou a alternativa até que o veredicto fosse divulgado. Segundo diplomatas escutados pelo jornal americano The New York Times, o processo de deliberação é longo e pode levar um ano para ser concluído. Em uma movimentação diplomática, autoridades americanas estariam pressionando para conseguir um acesso consular ao jornalista.
Os pais de Gershkovich, Ella e Mikhail, estiveram presentes na audiência, sendo a primeira vez que viram o filho desde a detenção em 29 de março. “Esperamos que ele esteja muito bem e que possa ser tão forte quanto sua mãe”, disse Mikhail, que usava um button escrito “Free Evan” (Liberte Evan, em português).
O americano está detido no presídio de Lefortovo. Caso condenado por espionagem, ele poderá enfrentar até 20 anos de reclusão em uma colônia penal russa. A decisão de ampliar o período de reclusão escala, ainda mais, os embates entre Rússia e EUA, que já apresentam uma relação desgatada pela guerra na Ucrânia.