Senadores dos EUA pedem explicações a Trump sobre ataques na Venezuela
Os congressistas questionam se a Casa Branca sabia da incursão de supostos mercenários no país sul-americano
Três senadores dos Estados Unidos pediram na quinta-feira 8, para que o governo de Donald Trump explique se tinha conhecimento sobre a tentativa de ataque contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, com a participação de ex-militares americanos, e se Washington destinou recursos à operação.
“Maduro é um ditador e o povo venezuelano merece viver novamente em uma democracia, mas isso só será conseguido através de uma diplomacia vigorosa e efetiva, não de aventuras militares”, diz o texto enviado ao secretário de Estado, Mike Pompeo, ao procurador-geral, William Barr, e ao diretor interino de Inteligência Nacional, Richard Grenell.
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Clique e AssineNa carta, os senadores Chris Murphy, Tim Kaine e Tom Udall, todos do Partido Democrata e membros da Comissão de Relações Exteriores do Senado, pedem explicações sobre a tentativa de invasão marítima perto de Caracas denunciada pelo governo venezuelano.
Entre o último domingo e segunda-feira, as autoridades venezuelanas interceptaram duas tentativas de invasão pelo mar nos estados de Aragua e La Guaira. A operação resultou na morte de oito pessoas e 18 presas.
Segundo as provas divulgadas pelo governo venezuelano, entre os detidos estavam dois cidadãos americanos, Airan Berry e Luke Denman, ambos ex-militares que tinham identificações da empresa de segurança Silvercorp.
Na quarta-feira, Juan José Rendón, chefe do Comitê de Estratégia do líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, admitiu ter assinado um contrato com um representante da Silvercorp, Jordan Goudreau, a quem pagou 50 mil dólares, para a realização de um ataque que terminou com a detenção de vários funcionários do governo.
“Ou o governo dos Estados Unidos não tinha conhecimento destas operações planejadas, ou tinha conhecimento e permitiu que prosseguissem. Ambas as possibilidades são problemáticas”, afirmam os senadores na carta.
Os parlamentares recordam ainda que na lei aprovada e sancionada por Trump em dezembro de 2019 sobre a crise no país sul-americano, Washington apoia o avanço de “uma solução negociada e pacífica para a crise política, econômica e humanitária na Venezuela”.
“Os ataques armados, mesmo que realizados por atores independentes, vão contra essa política”, afirmaram os legisladores, advertindo que tais operações “prejudicam as perspectivas de uma transição pacífica e democrática na Venezuela ao insinuar que a intervenção armada é uma opção viável para resolver a crise”.
Os senadores solicitam que o governo americano responda, mesmo que de forma confidencial, se tinha conhecimento, diretamente ou através do governo venezuelano ou do colombiano, dos planos de Goudreau e da sua comunicação com os conselheiros do líder de Guaidó, que a Casa Branca reconhece como presidente interino da Venezuela.
A carta também questiona se foram tomadas medidas para evitar essa operação, ou se os Estados Unidos ofereceram algum tipo de apoio, e solicita a opinião de Trump sobre o fato.
(Com EFE)